Igreja portuguesa diz que exortação do papa indica "caminhos certos"

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 26 nov (Lusa) -- O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Morujão, destacou hoje a "linguagem muito direta" da exortação apostólica do papa Francisco, considerando que o documento indica "os caminhos certos" para a "verdadeira renovação" da Igreja.

"O documento tem algo de surpreendente, pois a linguagem é muito direta, nada palaciana, dando a impressão de que o papa Francisco nos está a falar, frente a frente, olhos nos olhos", afirmou Manuel Morujão numa resposta por escrito à agência Lusa.

Manuel Morujão sublinha que, apesar de ser dirigida aos católicos "muitas partes são perfeitamente acessíveis e de interesse para qualquer homem ou mulher que se interesse em promover um mundo melhor, mais justo, pacífico e solidário".

A exortação apostólica "Evangelii Gaudium" ("A Alegria do Evangelho", em português), apresentada hoje no Vaticano, apela à renovação da Igreja católica e aborda os desafios da "nova etapa da evangelização".

No texto, o papa Francisco alerta que a exclusão e a desigualdade social "provocarão a explosão" da violência e denuncia um sistema económico mundial injusto.

O papa defende também "uma presença mais incisiva" das mulheres na Igreja Católica, mas fecha a porta a qualquer possibilidade destas acederem ao sacerdócio.

Avisa que "não se deve esperar que a Igreja católica mude a sua posição" sobre o aborto, adiantando que esta questão "não está sujeita a supostas reformas ou modernizações".

O documento, o primeiro deste género do pontificado de Francisco Bergoglio, vem na sequência do último Sínodo dos Bispos, que teve lugar em Roma em outubro de 2012, e em que participaram dois bispos portugueses: Manuel Clemente, então bispo do Porto, e António Couto, bispo de Lamego.

O texto, com mais de uma centena de páginas, apresenta a visão pessoal do papa e surge como uma espécie de guião para o que será o seu pontificado.

Manuel Morujão destaca como aspetos mais relevantes no atual contexto de crise mundial, a abordagem "pertinente" e "incisiva" à "crise do compromisso comunitário".

"Basta recordar alguns títulos: Não à economia da exclusão; não à nova idolatria do dinheiro; não a um dinheiro que governa em vez de servir; não à desigualdade que gera violência; não ao pessimismo estéril; não à depressão egoísta; não à mundanidade espiritual; não à guerra entre nós...", indicou.

O porta-voz da CEP destaca também o capítulo relativo à "dimensão social da evangelização", onde se defende que "boa nova do evangelho de Jesus não pode ficar no plano intimista das convicções pessoais, mas deve ter consequências práticas no modo de viver e de agir".

"O papa Francisco recorda a doutrina social da Igreja, particularmente o desafio da inclusão social dos pobres, a prioridade do bem comum e do diálogo para a paz social", sublinhou.

Manuel Morujão considerou que o documento "inspira coragem e otimismo" e "não enferma [...] de um tom de lamentação ou alarmismo, mas descortina o que há de bom na sociedade e na Igreja de hoje".

"Trata-se de um texto bastante extenso, mas tem passagens de grande beleza e que impulsionam a passar das palavras à ação concreta. Estou certo que a Igreja em Portugal encontrará aqui um mapa que indica os caminhos certos a seguir para uma verdadeira renovação", concluiu.

CFF // MAG

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