Secretário-executivo da CPLP considera que tensão entre Portugal e Angola "não é tão dramática"

| Política
Porto Canal / Agências

Macau, China, 06 nov (Lusa) - O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, disse hoje à agência Lusa que acredita que os governos angolano e português têm vontade de ultrapassar a atual tensão, que acredita não ser "tão dramática".

"São assuntos bilaterais que os portugueses e angolanos hão de saber ultrapassar. É um assunto sobre o qual a CPLP ainda não se debruçou, porque estamos convencidos que tanto o Governo português como o Governo angolano têm toda a vontade de ultrapassar este momento, que não é assim tão dramático como se dá a entender nos órgãos de informação", observou.

Em declarações à Lusa à margem de um seminário no Instituto Internacional de Macau, Murade Murargy disse acreditar que "Angola e Portugal vão conseguir ultrapassar este momento".

"Quanto ao cancelamento da cimeira, não quer dizer que ela não se vá realizar, foi adiada, mas haverá um momento em que as partes se vão entender, acredito que sim", concluiu.

O ministro da Justiça e Direitos Humanos angolano, Rui Mangueira, afirmou na terça-feira que a cimeira bilateral não se vai realizar em fevereiro, como previsto, decorrendo depois através de "contactos bilaterais", mas que se mantém a cooperação entre Portugal e Angola.

Na sequência destas declarações, fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros português disse à Lusa que o Governo português continua "a trabalhar no sentido da preparação da cimeira entre Portugal e Angola".

José Eduardo dos Santos anunciou a 15 de outubro a suspensão da anunciada parceria estratégica entre Luanda e Lisboa.

Alguns dias antes, em entrevista à Rádio Nacional de Angola, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, tinha pedido desculpa a Luanda pelas investigações do Ministério Público português, declarações que provocaram polémica em Lisboa.

O Ministério Público anunciou entretanto o arquivamento, datado de 18 de julho, do processo de investigação ao Procurador-Geral da República angolano, João Moreira de Sousa, concluindo que as operações financeiras efetuadas "se encontravam justificadas" e suportadas numa relação negocial "legítima", sem despertar "censura" em sede criminal.

O chefe da diplomacia angolana, Georges Chikoti, disse recentemente, em entrevista à Televisão Pública de Angola, que Luanda deixou de considerar prioritária a cooperação com Portugal, elegendo África do Sul, China e Brasil como alternativas.

PNE // VM

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