“Tem sido um diálogo de surdos”
Carlos Neves, Presidente da Associação de Produtores de Leite de Portugal, falou ao Porto Canal sobre atual crise do setor e considera que a implementação de um rótulo que identifique os produtos produzidos em Portugal poderá ser a solução.
Segundo Carlos Neves os diálogos com as entidades nacionais e internacionais não têm dado frutos, afirmando que aquilo que lhes foi anunciado “foi apenas uma linha de crédito, uma bonificação de juros”. No entanto, alerta que “é preciso que as pessoas tenham capacidade para ir ao banco” e consigam, numa fase posterior, pagar esses empréstimos.
Para o presidente da Associação de Produtores de Leite “é preciso haver uma mudança da distribuição e uma maior pressão do Governo”. O dirigente acredita que uma medida que poderia solucionar o problema seria “a criação de uma rotulagem obrigatória como está acontecer na carne”, mas alerta para outras situações: “basta que a distribuição não faça publicidade enganosa quando diz que apoia o produto nacional e depois tem as prateleiras cheias de produtos importados”.
Apesar da proposta já ter sido transmitida às entidades competentes, afirma que da parte da Europa "não há vontade para que haja essa rotulagem”. Carlos Neves considera, ainda, que “tem havido um impedimento da parte da indústria e a distribuição não tem manifestado qualquer interesse”. “Se a Europa não tem força para defender o produtor depois resta procurar migalhas para dar”, acrescenta.
Quanto à armazenagem defende “a intervenção pública e que o leite seja imediatamente canalizado para quem passa fome e para quem precisa”. Segundo o presidente a solução para este problema “passaria por uma redução de 3% a 5% no volume, na Europa, em momentos de crise e com a atribuição de um apoio a quem tivesse a reduzir voluntariamente e uma penalização a quem tivesse a ultrapassar”. Caso isto não seja garantido “pode estar em causa muito prejuízo, perda de empregos, de economia e a perda da garantia de um produto mais próximo”, conclui.