"É possível que venhamos a assistir a ataques múltiplos e simultâneos em vários países ao mesmo tempo"
Maria do Céu Pinto, especialista em questões do Médio Oriente, acredita que a Europa "é um alvo preferencial” para os terroristas e que é muito provável que, nos próximos tempos, ocorram “ataques múltiplos e simultâneos em vários países ao mesmo tempo". Para a especialista “Portugal não é um alvo prioritário”.
Em entrevista ao Jornal Diário do Porto Canal, Maria do Céu Pinto realça “uma maior competência” dos 'grupos terroristas' em planear os atentados, referenciando que para eles a “Europa é um alvo preferencial”. Não será portanto de estranhar que se assista no futuro a “ataques múltiplos e simultâneos” que possam acontecer em vários países ao mesmo tempo, destacando Paris, Londres, Berlim, como “cidades mais expostas” a estes atos de terrorismo.
A professora da Universidade do Minho (UM) salienta que os atentados que ocorreram, esta terça-feira, em Bruxelas, tiveram “repercussões verdadeiramente mundiais”, uma vez que atingiram não só o coração da Europa como também uma zona onde funcionam organizações internacionais de relevo, como é o caso da NATO. Maria do Céu Pinto apela a uma maior “cooperação” e “partilha de informações” entre os países, inclusive com os árabes.
“A ocorrência dos atentados em Bruxelas não tem necessariamente a ver com o país, tem a ver com o grupo terrorista que está por trás, que é constituído por um núcleo dos jihadistas belgas, onde muitos dos quais estiveram na Síria e no Iraque, e a partir de lá organizaram o atentado”, explicou.
“Portugal não é um alvo prioritário”
Reconhecendo que “hoje em dia ninguém está seguro em lado nenhum”, a especialista em questões do Médio Oriente sublinha, ainda assim, que “Portugal não é um alvo prioritário” para o Estado Islâmico, apesar de se calcular que existam cerca de “15 jihadistas portugueses na Síria e no Iraque”, contou.
Relembra também que os jihadistas europeus têm cooperado entre si para planear os atentados. Serve-se o exemplo dos atentados de Paris, em novembro do ano passado, em que belgas e franceses se uniram para revindicar o atentado que matou mais de 100 pessoas na capital francesa.