“Acho que o nosso Presidente da República será um ‘Transformer’"
Guilherme Pinto, Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, está ciente das dificuldades que os agricultores enfrentam, mas acredita que a solução possa estar "na parceria" entre o Governo e o setor de distribuição. O autarca falou ainda, esta terça-feira, do novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alguém que diz que “vai querer marcar pela positiva a história do país”.
Em entrevista ao Jornal Diário do Porto Canal, Guilherme Pinto mostra-se solidário com os agricultores portugueses salientando que este é um setor que começa a ser “impossível” de manter ativo.
“O preço da produção é mais caro do que o preço do próprio produto uma vez produzido”, torna-se, portanto, num “negócio impossível”, explicou, acrescentando que este é um dos setores onde Bruxelas gasta mais dinheiro.
“Este é um dos temas que vamos ter de equacionar se quisermos ter algum equilíbrio, quer do ponto de vista das contas da Comunidade Europeia, quer do ponto de vista ambiental”, uma vez que o excesso de produção no setor agrícola tem consequências “nefastas ” no ambiente, avançou. O fim das quotas leiteiras também impulsionaram o aumento da produção na maioria dos países da Europa, tornando-os ainda mais concorrenciais e dificultando mais a tarefa dos produtores nacionais.
O Presidente da Câmara de Matosinhos acredita que a melhor solução para combater esta crise no setor está “na distribuição”. Guilherme Pinto apela a um trabalho cooperativo entre o Governo e o setor de distribuição de forma a criar estratégias inteligentes que consigam captar e convencer os consumidores a optarem pelos produtos nacionais e entretanto “encontrar novas soluções para fazer com que não haja prejuízo com a distribuição”, sublinhou.
“Portugal tem de tomar uma atitude inteligente. Importamos mais 70% do que produzimos”. Para colmatar estes dados, o autarca sugere apoios de escoamento de produtos e apoio às produções, não deixando de referir que muitas medidas dependem da decisão da União Europeia.
Imposto do ISP
Guilherme Pinto explica que as declarações proferidas pelo Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, a pedir para as transportadoras portuguesas, principalmente as das fronteiras, não abastecerem em Espanha, pois estão a pagar imposto ao país vizinho, não foram felizes, mas também não são razão para tanta polémica envolvente. Salienta ainda que este aumento dos combustíveis nas últimas semanas e o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos, que ainda se mantém em seis cêntimos, poderá afetar principalmente as empresas transportadores que se encontram financeiramente débeis. O autarca apela ao diálogo entre as transportadoras e o executivo de António Costa para encontrar um solução que seja viável para as duas partes.
OE2016: "O meu maior desejo é que se pudesse iniciar um clima de confiança” entre as instituições, as autarquias locais e o Governo
Já em relação ao Orçamento de Estado, o Presidente da Câmara de Matosinhos entende que este é “o orçamento possível” para 2016. No que toca aos municípios, Guilherme Pinto gostava que os autarcas pudessem passar a “receber parte do IVA para perceber o impacto económico das medidas que tomam”, mas refere que o seu maior desejo é que se pudesse “iniciar um clima de confiança” entre as instituições, as autarquias locais e o Governo, coisa que não acontece já há alguns anos, acrescentou.
“Acho que o nosso Presidente da República será um ‘Transformer’ porque é alguém muito ativo e em constante movimento"
Em cima da mesa esteve ainda a tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa como o novo Presidente da República. Guilherme Pinto explica que durante a tomada de posse do professor foi visível “uma ‘corrente’ de ligação entre ele e os cidadãos” e defende que Marcelo é “alguém que vai querer marcar pela positiva a história do país”.
“ Acho que o nosso Presidente da República será um ‘Transformer’ porque é alguém muito ativo e em constante movimento. (…) Vamos ter, portanto, um Presidente da República muito ativo na vida política de Portugal, e não sei se por vezes intrometido”, disse.
No final da entrevista ao Porto Canal, o autarca relembrou ainda com saudade, Paulo Cunha e Silva, antigo Vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto, “uma pessoa cheia de energia e criatividade” por quem tinha grande admiração. E ainda o homem "feliz", Nicolau Breyner.