"A ADSE não é um sistema de saúde, a ADSE é um sistema de pagamento"

"O uso dogmático do SNS é uma arma de arremesso da direita, e todos reconhecemos, à direita e à esquerda que o Serviço Nacional de Saúde prestou um serviço inestimável aos portugueses", diz o ex-ministro sobre a sustentabilidade do SNS.

Correia de Campos afirma que o SNS é "um grande mercado" com mais de 15 mil milhões de euros e que é "natural que haja muita aptência e muitos interesses para conquistar uma parte desse mercado".

Tendo em conta que os profissionais de saúde são a base do sucesso deste Sistema Nacional de Saúde, António Correia de Campos reforça que "temos excelentes profissionais" e no que toca aos salários atribuídos a estes profissionais colmata afirmando que "claramente que são mal pagos".

Quanto às migrações sofridas em Portugal, o ex-ministro socialista admite que quem migra "não migra por prazer" e que este fenómeno fez com que nos últimos quatro anos se tenha assistido à "degradação do sector público e ao 'engordamento' do sector privado".

Comparativamente à forma encontrada pelo Ministério da Saúde para conseguir incentivar mais médicos a ocupar vagas nos hospitais do interior do país através de acréscimos de salários, Correira de Campos diz que esta solução "é uma solução velha como as casas, é uma solução que não chega" e que o importante é "abrir unidades de saúde familiares nos sítios onde eles sejam necessários".

De acordo com o seu livro "Saúde e Preconceito", António Correia de Campos afirma que a sua impressão da ADSE mantém-se.

"A ADSE não é um sistema de saúde, a ADSE é um sistema de pagamento", diz.

O ex-ministro da saúde explica ainda que a "ADSE não responde pela prevenção da saúde, é só pagar serviços", o que na sua opinião dá margem para cometer 'fraudes' que a seu ver é muito pouco investigada".

Em jeito de conclusão o ex-ministro socialista das Presidenciais 2016 afirma que "estamos a pagar um erro cometido pelo Presidente da República" relativamente à candidatura de Maria de Belém diz que esta "projectou-se no espaço em rota de colisão com o Partido Socialista" e que "é preciso que o PS perca gás para que a candidatura da Maria de Belém ganhe gás".