“Eu penso que o Governo grego está a fazer a boa coisa para o povo grego”

O economista Pedro Arroja afirma que esta segunda-feira, na reunião do Eurogrupo, “criou-se uma certa expectativa optimista de que se vai chegar a um acordo”. Quanto à saída da Grécia do Euro, que eventualmente será decidida no fim do mês de Junho, Pedro Arroja diz que “a União Europeia está muito mais preocupada que a Grécia saia do Euro do que o Governo da Grécia”.

Para o economista, caso haja acordo é “mais provável que envolva grandes cedências por parte da União Europeia, de avançar o dinheiro mesmo não tendo satisfeitas aquelas condições de mais cortes no orçamento, nas pensões, aumento do IVA, que exigiam, do que cedências da parte do Governo grego”.

Pedro Arroja acredita que se a Grécia não sair esta semana ou na próxima da moeda única, sairá daqui a uns meses. O economista diz que a Europa, “que está a tremer”, prefere ceder e dar um balão de oxigénio à Grécia do que correr riscos. Pedro Arroja considera que esses riscos “são muito maiores para a Europa, a começar por Portugal pelo efeito de contágio, do que para a Grécia”.

Na prática, a saída da Grécia da zona Euro significa que os bancos vão fechar durante uns dias e que quem quiser fazer levantamentos vai receber em dracmas (antiga moeda grega), em vez de euros. No entanto, o economista diz que “quando o mercado cambial abrir, o dracma e o euro que vale um para um, o dracma vai cair” e Pedro Arroja antecipa que a quebra seja de 30% a 40%.

Para o economista tudo se mantém igual à excepção das importações, que passam a ser mais caras. “E aí começa a solução dos problemas da Grécia”. Pedro Arroja afirma que os gregos vão passar a importar menos e a consumir mais produtos internos. Por outro lado, haverá um aumento das exportações, pois tudo o que for comprado à Grécia passará a ser mais barato.

“A fonte do problema, que é um défice das contas externas, inverte-se. Os gregos passam a receber mais dinheiro do exterior do que aquele que mandam”, diz Pedro Arroja. O economista afirma ainda que se há, pela primeira vez, um excedente, a Grécia poderá começar a amortizar as dívidas aos credores.

Quanto a Portugal, Pedro Arroja considera que o país nunca deveria ter aderido ao Euro e que é o próximo a sair da moeda única a seguir à Grécia, o que não é “nenhuma tragédia”.