“Neste braço de ferro não há inocentes”

O comentador recorda que os gregos não abdicam de duas coisas: “não aumentar o IVA no que diz respeito à electricidade (…) e não baixar o complemento de solidariedade das pensões, especialmente das mais baixas”. Segundo o comentador, estas são questões essenciais para os gregos, que têm a ver com o índice de pobreza, que atingiu novos máximos. “Eles estão convictos que com tantos pobres não conseguem, evidentemente, voltar a ter economia”.

Quanto a uma possível saída da Grécia da União Europeia, Manuel Tavares acredita que "não há outra hipótese", mas por outro lado diz que “ficaria muito admirado na Europa e na União Europeia vingasse a posição mais radical. Há uma boa parte dos países europeus que estão convencidos que é preciso reescalonar a dívida, de outra maneira não conseguirão lá chegar, e por outro lado também há países europeus que aceitam que haja reduções, por exemplo, nesta questão do armamento”.

Manuel Tavares considera ainda que a Europa não tem condições para deixar a Grécia passar para o lado da Rússia. No entanto, como diz o comentador, Tsipras “normalmente de Moscovo vem sempre com um acordo feito”.

Relativamente ao Governo grego, já há um estudo que diz que o Syriza venceria novas eleições, mas o comentador diz que “para as vencer realmente no futuro vai ter que garantir duas ou três coisas essenciais: que o nível de pobreza que atingiu a Grécia desça, e desça de forma substancial, e especialmente esta questão do desemprego e do desemprego jovem e para isso precisa claramente que a União Europeia aceite o reescalonamento da dívida”.

Manuel Tavares diz que "há países que vêem esta situação com agrado", uma vez que estão a verificar que as medidas do Syriza "não estão a dar resultado", mas há outros, que “têm uma maior consciência da necessidade da unidade europeia que vêem isto como um perigo iminente para a Europa no seu todo”. Quanto a Portugal, o comentador diz que o Governo português “não verá com bons olhos que amanhã [terça-feira] seja retardado o pagamento da dívida aos gregos”. No entanto, Manuel Tavares considera que uma saída da Grécia do Euro “trará para Portugal consequências muito maiores que isso e é preciso ter consciência disso”.