“Não lançar mais achas para a fogueira da pseudo-descoordenação que tem havido entre a PJ e a GNR”

José Manuel Anes, professor de Criminologia da Universidade Lusíada do Porto, pede paciência para o caso, desvalorizando a descoordenação de que se fala, admite o efeito emocional da GNR, bem como a possibilidade de Pedro Dias estar a ser ajudado, além disso, fala de uma possível estratégia de engano ou indução de erro ao criminoso.

O professor de Criminologia concorda com a intensificação noturna das buscas, salientando a condição física e a experiência do suspeito dos assassínios de Aguiar da Beira, pedindo paciência e comparando este caso ao do “Palito”.

“O senhor Diretor Nacional da Polícia Judiciária define bem a situação, é uma investigação muito difícil em que o fugitivo conhece bem o terreno, tem capacidade física e teve treino militar e portanto temos de ter paciência”, diz o professor.

José Manuel Anes desvaloriza os relatos de descoordenação entre forças policiais, admitindo como normal a posição da GNR no caso.

“Não lançar mais achas para a fogueira da pseudo-descoordenação que tem havido entre a PJ e a GNR (…) a GNR está a assegurar a segurança das populações e colabora com a Polícia Judiciária no que diz respeito à investigação criminal (…) é a Polícia Judiciária que tem o comando da investigação criminal”, salienta o comentador.

O professor admite ainda a possibilidade das forças policiais estarem a usar um tática de engano, de induzir em erro o fugitivo, com, por exemplo, as informações de que ele estaria em Espanha, para que o mesmo se movimentasse.

“Não sabemos se efetivamente houve alguma notícia da sua presença em Espanha mas talvez não tenha havido e tenha sido um processo inteligente para tentar que ele circulasse e aparecesse”, diz José Manuel Anes.

Além de uma possível ajuda, José acredita que o “piloto” tem capacidades para continuar escondido por mais um tempo, mas não sempre.

“Conhecendo o terreno, sendo caçador ele tem muitas capacidades para durante mais algum tempo (estar escondido), não digo sempre”, acrescenta o professor.

José Manuel Anes acrescenta o efeito emocional que a GNR tem no caso devido à inicial morte do militar em Aguiar da Beira.

“Isto é um efeito emocional, a instituição foi toda ela atingida por esse homicídio (…) é perfeitamente normal e compreensível que a GNR queira ter um papel importante aqui auxiliando a investigação e ter um papel para a detenção eventual do fugitivo”, salienta o professor de Criminologia.

José Anes ainda chama a atenção para a possibilidade desta situação poder terminar de forma menos feliz.

“Pode acabar da maneira mais dramática para o fugitivo e eventualmente sempre com algum risco para os militares da GNR e os inspetores da Polícia Judiciária”, diz o professor da Universidade Lusíada do Porto.