"É uma estratégia arriscada não aumentar o IVA"
Luís Rocha acredita que as medidas previstas para o Orçamento do Estado de 2017, de aumentarem os impostos indiretos, que não o IVA, são "uma estratégia arriscada, pois estes aumentam a hipótese de fuga do contribuinte, que passa a ter "uma capacidade de defesa maior face a isso". Para o economista é " mais fácil abdicar desses bens de consumo do que se for um aumento generalizado, que é o IVA, sobre todos os produtos" onde se inserem o tabaco, os combustíveis e automóveis.
O economista assume que "era preferível aumentar o IVA" do que os restantes impostos indiretos, por os considerar de uma maneira geral "impostos regressivos, que afetam toda a gente de igual forma". A longo prazo esta poderá ser "uma medida problemática". No entanto, Mário Centeno, Ministro das Finanças, já garantiu que "não vai aumentar o IVA no próximo ano".
Esta medida, em termos sociais, "afeta as pessoas de maiores rendimentos", ou seja, "esta-se a tributar as pessoas mais qualificadas, logo as que supostamente, ganham mais...", e seguindo o raciocínio do economista, "o país não pode abdicar desse tipo de capital humano".
No entanto, para esta medida se manter, sem ser necessário o aumento de IVA, "tudo vai depender da execução", porque "se o défice subir de forma descontrolada não haverá volta a dar-lhe".
Luís Rocha assume que Centeno não terá sido muito prudente "ao reconhecer que está a trabalhar para evitar um resgate", pois isso poderá criar expetativas negativas nos investidores e agentes económicos "no nosso dia-a-dia e a longo prazo" assumindo assim que "é uma medida problemática" pois "precisamos de investimento, como de pão para a boca".