O 25 de Abril “tem de ser contado à garotada”

41 anos depois, o 25 de Abril tem de ser contado aos netos e para Júlio Machado Vaz é importante que eles oiçam “quem por lá passou”

“Quando eu olho para traz e penso no que vivi, mas atendendo à minha profissão, ao que eu vi, directamente relacionado ao 25 de Abril ou tendo tudo a ver com o 25 de Abril sem a data ser sequer pronunciada eu penso assim pois é, isto tem de ser contado à garotada”, comenta Júlio Machado Vaz.

Com a guerra colonial, milhares e milhares vieram de África, “muitos deles uns com uma mão a atrás e outra à frente, desembarcaram neste rectangulozinho. (...) E eu, que estava a começar a minha vida de medicina, e portanto ainda fazia domicílio, vi coisas inacreditáveis. (…) Havia magníficos exemplos de solidariedade e havia extraordinários exemplos da capacidade de luta daquela gente que, muitos deles a partir do zero reconstruíram vida, mas ouve outros que nunca conseguiram sair da depressão, da tristeza e da nostalgia”, afirma Júlio Machado Vaz.

Passaram 41 anos e, esta semana, nos jornais vinha “640 mil crianças e jovens na pobreza”. O comentador afirma que “não encontra uma pessoa que não esteja de acordo que não diga que qualquer coisa falhou". 41 anos depois "isto sai e faz primeira paginas do jornal, e não era suposto”.

Para Júlio Machado Vaz é importante falar com os netos e não ter discursos crispados em relação as diferenças de opinião. O mais importante é dizer que precisam de ler todo o tipo de obras, com diversos pontos de vista e, “se ainda conseguirem, ouvir quem por lá passou, por exemplo os meus, ouvir dizer o vosso bisavô chorou como uma criança no dia 25 de Abril nos meus braços porque estava à décadas a espera de aquilo”