Efeito em cadeia é a grande ameaça à União Europeia (UE) depois do Brexit, disse o Politólogo, Andre Azvedo Alves, sexta-feira à noite, em entrevista ao Porto Canal. Com a saída do Reino Unido que representa 15% da riqueza da UE a grande preocupação agora é a saída de outros países com relações económicas e diplomáticas de longa data.

Apesar de ser difícil prever consequências visto ser a 1ª vez que tal acontecimento existe, a saída do Reino Unido por si só já é considerada muito significativa para a UE, sendo que a sua riqueza é mais de 15% da riqueza da UE. No entanto, depois do Reino Unido abandonar a UE, a maior preocupação está com os países que poderam pensar em fazer o mesmo.

"As situações de maior risco até nem seram de paises mais fragilizados, serão de países, nomeadamente do norte da Europa, que tem relações muito próximas com o Reino Unido, relações económicas, relações diplomáticas de longa data, tou a pensar na Suécia, tou a pensar na Holanda, tou a pensar na Finlândia. Que são países onde há também do ponto de vista político, movimentos eurocéticos com bastante peso e que perante a concretização da saída do Reino Unido, se o cenário que se prespetivar a seguir, for um cenário que dá mais argumentos às forças eurocéticas nesses países, então eu creio que a UE poderá estar confrontada a curto, médio prazo com a possibilidade real de saída de mais alguns países e nomeadamente de países que no contexto dos 28 são países mais ricos e que mais contribuem para o bolo comunitário.", afirma André Azvedo Alves.

De acordo com o Politólogo é necessário ter calma e bom senso e sobretudo de respeitar a soberania do Reino Unido e a partir daqui partir para uma negociação de uma saída ordenada com cláusulas que daqui para a frente garantam um mútuo benefício para as partes.

"Nós temos neste momento na Europa, países como a Noruega, ou como a Islândia, que não fazem parte da UE, mas estão num espaço de livre circulação de bens, de pessoas com a UE. Ainda que tenha havido sinais, a meu ver, muito infelizes de responsáveis Alemães declarando antes do referendo que essa opção não estaria aberta para o Reino Unido em caso de saída, eu creio que este é precisamente o momento de, respeitando a decisão dos eleitores do Reino Unido, ter todas as opções em cima da mesa, nomeadamente se for possível chegar a uma situação em que o Reino Unido estando fora da UE, manter-se num espaço de livres trocas, ainda que sem fazer parte da componente mais política. Eu creio que isso podia ser do interesse de ambas as partes e poderia ser também o melhor travão ao tal possível efeito de contágio que, se a situação escalar do lado da UE, uma postura punitiva e do lado do Reino Unido uma postura confrontacional ou reativa a essa postura punitiva, poderá ser o risco real de toda esta situação.”, afirmou Azevedo Alves.