“O que me parece preocupante é não termos manípulos de política nacional”
Manuel Tavares afirma que o facto de "não termos manípulos de política nacional" é o principal obstáculo de Portugal. Esta afirmação diz respeito ao panorama financeiro de Portugal, que segundo Manuel Tavares, precisa de mais independência internacional para se afirmar positivamente.
Segundo o comentador, inicialmente, deve-se refletir sobre as preocupações evocadas há um mês pelo Primeiro Ministro e pelo Presidente da República relativas à possibilidade de uma ‘espanholização’ do setor financeiro. Apesar disto, o panorama português, do ponto de vista de Manuel Tavares apresenta-se com “Espanha a ter 30% da Banca em Portugal e vai a caminho de ter mais de 50% porque, para além da questão do CaixaBank em relação ao BPI, temos a própria Caixa Geral de Depósitos que vai ser aberta a capitais privados.” Esse financiamento, aos olhos do comendador, só pode vir da China ou de Espanha, abrindo novamente as portas ao capital estrangeiro.
“O que me parece preocupante é não termos manípulos de política nacional nem termos decisões próprias” , lamenta Manuel Tavares. A reflexão do jornalista acrescenta ainda que “os negócios do BPI dizem que em 2015, 50% dos lucros vem do Banco de Fomento de Angola, o que parece contraditório com o facto de “pelo lado dos interesses empresais nacionais não se via essa necessidade e ainda mais pela presença dos empresários portugueses em Angola que faz com que tenhamos todo beneficio em conseguir boas relações com os empresários angolanos e com a banca angolana”.
Manuel Tavares mostra mais uma preocupação com a relação de Portugal com Angola. O comentador refere que a decisão do Banco de Portugal de não dar o registo de idoneidade a Isabel dos Santos é mais um passo negativo nestas relações. “Por diretrizes da União Europeia, os interesses de Portugal não são valorizados e acabamos por ter um problema de diplomacia com Angola (...) Se eu fosse Isabel dos Santos, ficava um pouco mais que aborrecido porque ela investe numa posição e de repente querem mudar as regras do jogo apenas porque Angola merece pouco crédito das instituições financeira europeias” defende o comentador relativamente à impossibilidade de acordo com o CaixaBank nas negociações do BPI.
Para além destas questões, neste comentário, Manuel Tavares não esqueceu o papel de Isabel dos Santos no BPI. “O que Isabel dos Santos quer é trocar as ações do BPI por ações do Banco de Fomento de Angola, conseguindo a autorização do BCE para que o banco angolano seja submetido aos valores da Bolsa de Lisboa. “Mas se o BCE aceitar isto, esta a admitir que a exposição a Angola não é assim tão má, porque esta a reconhecer que merece a Bolsa de Lisboa”, finaliza o Diretor da Porto Media.
Em resposta à problemática sobre o acordo do BPI que foi cancelado, o comentador salienta: “o que me assusta é estarmos submetidos a diretrizes supranacionais”. Na sequência do diploma promulgado, apoiado pela esquerda e que vem liberalizar os mercados financeiros, Manuel Tavares remata, afirmando que, “apesar da orientação de cada partido, o que distingue as decisões em Portugal são aqueles que resistem às diretrizes supranacionais e aqueles que pretendem que as questões sejam resolvidas por nós, com um modelo nosso”.