A nova relação de forças no futebol europeu

04-07-2016 10:29:04 | Porto Canal
 
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Jorge Simão

O alargamento do número de selecções que participam na fase final do Euro tem sido objecto de quase tanta discussão como a própria competição em si. Creio que o debate está inviesado, porque se centra muito na alegada qualidade das equipas com reflexo na qualidade da prova, o que se tem provado que é falso e até uma forma de distorcer uma boa ideia.

Creio que a UEFA não decidiu o alargamento com o fito de tornar a fase final do Euro mais espetacular mas sim de a aproximar, em número de equipas e importância relativa, ao Campeonato do Mundo, que a FIFA organiza de quatro em quatro anos. É, digamos assim, uma prova de força da UEFA e do futebol europeu num contexto mais alargado do futebol internacional e do seu domínio institucional.

O que é verdade é que selecções como o País de Gales e Islândia surpreenderam no Euro 2016, assim como a Irlanda do Norte e Republica da Irlanda demonstraram que o futebol nas ilhas britânicas não se cinge apenas à Inglaterra.

Certos jogos desta fase final podiam ter sido mais espetaculares, mas isso não é suficiente para questionar o facto da UEFA ter alargado o acesso à competição. Trouxe mais jogos, maior incerteza em relação às selecções verdadeiramente dominantes e uma nova relação de forças que se estabelece a partir deste Euro 2016. Em França, está a dar o último suspiro a velha divisão das selecções entre aquilo que se chamava de grupo de elite do futebol europeu e o resto das selecções. A desigualdade entre as melhores selecções e as outras já se tinha tornado um facto a que poucos deram importância, durante muito tempo.

O País de Gales venceu o seu grupo de apuramento, onde se cruzou com a Bélgica, uma das selecções que granjeou nos últimos anos maior sucesso mediático e apontada à possibilidade de se intrometer na luta pelo título europeu. Agora, em pleno Europeu, tudo se tornou mais claro. O País de Gales venceu a Bélgica de uma forma inapelável e, de repente, toda a gente passou a levar a sério a selecção de Gareth Bale. Mas foi preciso que o País de Gales se apurasse para as meias-finais do Euro 2016 para obter o reconhecimento internacional, o mesmo que lhe foi negado após uma excelente fase de apuramento.

Mas há mais exemplos destes e que a fase final do Campeonato da Europa tornou indesmentíveis. O caso da Polónia, que voltou a criar à poderosa selecção alemã os mesmos problemas que tinha criado durante a fase de qualificação. Se calhar, pouca gente terá reparado que a selecção germânica defrontou a Polónia em duas ocasiões e em ambas foi confrontada com uma resistência quase insuperável.

É isto que tem de bom este alargamento e que, do meu ponto de vista, já é sucesso. Há uma nova relação de forças e alguns dos resultados ocorridos no Euro 2016 praticamente oficializam esse maior equilíbrio. O que torna a competição mais dividida, mais incerta. O alargamento pode ser um negócio, como muitos alvitram, mas é seguramente uma boa notícia para quem gosta de competições equilibradas, disputadas e com resultados imprevisíveis.

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