E se tivéssemos perdido

26-06-2016 18:27:14 | Porto Canal
 
Partilhar
 
Partilhar
 
Imprimir

Júlio Magalhães

As garras estavam afiadas. As setas apontadas. Os comentadores que campeiam por todos os meios de comunicação entre ex-treinadores e outros especialistas que sabem tudo de futebol, tinham todo o arsenal preparado até ao minuto 117 deste jogo com a Croácia.

Jogo defensivo, equipa sem ideias, treinador resultadista, equívocos, falta de profundidade e dimensão, medo, futebol sem qualidade, falta de ambição, oportunidade perdida, de tudo um pouco iam encontrar para dizimar Fernando Santos.

Os mesmos que agora dizem que tivemos sorte, são os que não conseguiram vislumbrar falta de sorte nos jogos de qualificação em que Portugal foi melhor que os adversários, jogou um futebol ao alcance de poucos neste Europeu, foi a equipa que mais rematou (70) e que mais remates fez a baliza dos adversários (25).

Não conseguiram ver nada dessas qualidades. Apenas defeitos, escolhas mal feitas, blocos baixos, linhas demasiado juntas, enfim especialistas de sofã, nada compreensivos com a ideia que o selecionador apresentou desde sempre que era a ambição de ganhar este europeu. Quantos não se apressaram a dizer que o treinador tinha colocado a fasquia demasiado alta.

Agora já todos começam a achar que é possível e até julgam que a Polónia é um adversário ao nosso alcance e que a partir dai temos tudo para lá chegar. Estou certo que Fernando Santos voltará como sempre a ter os pés bem assentes no chão e a cumprir o seu desígnio com as suas próprias convicções.

Depois da pressão que fizeram para tirar alguns jogadores para entrarem os que eles gostam porque são dos clubes deles, defendendo que assim o nosso futebol tinha maior dinâmica e expressão ofensiva, eis que o selecionador mudou de facto jogadores mas não para dar o que eles queriam, uma equipa voltada para o ataque e desequilibrada quanto baste, exposta a sair deste Europeu a jogar como nunca é perder como sempre.

Fernando Santos mudou em função do desgaste físico mas não abdicou da sua ideia do jogo. Estudou ao pormenor o adversário, uniu as tropas, passou a mensagem da importância de nunca se deixarem de focar no jogo e no adversário, passou a ideia certa de que um pormenor podia decidir o jogo e até convenceu Cristiano Ronaldo a dedicar-se 120 minutos a uma ideia coletiva de jogo.

Se tivéssemos perdido nos pênaltis, a noite e os dias seguintes seriam de arraso total ao treinador, de alguns jogadores e da forma como passamos por este Europeu.

A verdade é que ganhamos. Da forma profissional e disciplinada que uma verdadeira equipa deve ter em jogos como este, a eliminar, contra adversários com o mesmo poderio.

José Mourinho já ganhou dezenas de jogos desta forma. E estes mesmos logo se apressaram a classificar o treinador português como genial e um estratégia sem igual.

A Itália nunca se compadece com romantismos e ganha os seus jogos por norma desta maneira. Chamam lhe a matreirice e a experiência italiana e rasgam elogios a forma pragmática como os transalpinos vão caminhando nos campeonatos invariavelmente até as fases decisivas.

Só nos achamos que possuímos jogadores que, por serem tecnicamente evoluídos temos de estar sempre a atacar e a alimentar a força e genialidade de Cristiano Ronaldo se possível sempre num 4.3.3 ou mesmo 3.4.4.

Na fase de qualificação jogaram os que tiveram de jogar. Com a Croácia o selecionador fez as alterações que entendeu para cumprir o seu ideal para este jogo.

Vamos com quatro jogos neste europeu e ainda nenhuma equipa conseguiu mostrar-se superior a Portugal. A Croácia teve mais bola mas a mesma ideia, pouco risco e muito receio de falhar. Saiu como nós costumamos sair. De cabeça erguida.

 

Mais notícias

Portugal ascende ao sexto lugar do 'ranking' da FIFA

Portugal ascende ao sexto lugar do 'ranking' da FIFA

Quaresma diz que pena no cabelo simbolizava o desejo de vencer

Quaresma diz que pena no cabelo simbolizava o desejo de vencer

Marcelo recebeu felicitações de rei de Espanha e presidente da Alemanha

Marcelo recebeu felicitações de rei de Espanha e presidente da Alemanha