O valor da eficácia

20-06-2016 17:55:31 | Porto Canal
 
Partilhar
 
Partilhar
 
Imprimir

Jorge Simão

A eficácia nunca pode ser subestimada no futebol. Há poucas coisas tão fundamentais como a eficácia. A defender e a atacar. Muitas vezes uma equipa menos apetrechada pode ganhar o jogo se for mais eficaz. Dizem que isto é a beleza do futebol porque lhe associam uma imprevisibilidade que nos desconcerta. A carreira de Portugal neste Europeu está muito ligada à eficácia dos nossos jogadores. Atacam mais, rematam mais, mas ainda não conseguiram marcar mais vezes que os adversários. E não é difícil reconhecer que as duas selecções contra as quais jogámos não são equipas de top e, portanto, eram e continuam a ser acessíveis à nossa selecção.

Mas, por duas vezes, Portugal deixou escapar a vitória de uma forma frustrante porque fez, em ambos os jogos, o suficiente para ganhar. E isso para mim, como treinador, conta mais do que qualquer outra coisa. A nossa selecção é uma das equipas que mais remata na competição, é uma das equipas que mais posse de bola acumula e ainda é uma das equipas com maior percentagem de sucesso no passe. Isto não é apenas estatística. Para chegar a estes números, que são em alguns casos impressionantes, é preciso que os jogadores tenham qualidade individual e que a equipa esteja num nível satisfatório de afinação colectiva.

Por isso é que confio que Portugal vença o próximo jogo e, sobretudo, vença o grupo e se apure para os oitavos de final do Euro 2016. Não pode ser de outra maneira, tão grande tem sido o domínio da nossa selecção nos jogos disputados e tão convicta se tem demonstrado a colocar em campo a qualidade que lhe reconhecemos. Mas tem de melhorar a eficácia, porque é isso que tem separado Portugal dos melhores resultados. Frente à Islândia, primeiro, e agora diante da Áustria, a nossa selecção devia ter vencido os dois jogos e é desolador que não o tivesse conseguido, após tantas oportunidades que não conseguiu converter em golos. E isso teria bastado para que a discussão em torno de Portugal, actualmente, se fizesse em bases diferentes, reconhecendo a qualidade da equipa e dos jogadores e ignorando as questões tácticas que têm sido dissecadas de forma inútil.

Durante pouco mais de uma semana de competição, o que vi foram jogos muito equilibrados, disputados e resolvidos, na sua maior parte, de forma natural e com o talento a ser o elemento diferenciador. E, no caso de Portugal, esse talento existe e até abunda. O que tem saído fora da pauta é a eficácia na finalização. O que teria ajudado a superar os nossos adversários e a confirmar as expectativas iniciais que, mesmo assim, não creio que estejam desactualizadas. Pessoalmente, aposto no apuramento de Portugal para os oitavos de final do Euro 2016 e acredito que a selecção conseguirá os golos que lhe têm faltado. E com isso, a intenção do seleccionador e a qualidade dos jogadores sairão reforçados e mais uma vez se demonstrará como é perigosa a análise do futebol apenas com os óculos do “resultadismo”.

Mais notícias

Portugal ascende ao sexto lugar do 'ranking' da FIFA

Portugal ascende ao sexto lugar do 'ranking' da FIFA

Quaresma diz que pena no cabelo simbolizava o desejo de vencer

Quaresma diz que pena no cabelo simbolizava o desejo de vencer

Marcelo recebeu felicitações de rei de Espanha e presidente da Alemanha

Marcelo recebeu felicitações de rei de Espanha e presidente da Alemanha