Fora do Campo: Haverá um novo Kuwait?
Os campeonatos do mundo de futebol estão recheados de histórias e estórias quase inverosímeis de lá estarem, mas o futebol é pródigo em criar heróis, enterrar mitos, eternizar fantasmas, glorificar eternamente momentos.
1950: O fantasma brasileiro chamado Ghigghia.
1966: Será que entrou mesmo aquele golo de Geoff Hurst passou a linha de golo?
1974: Zaire 1974. Heróis à saída de África com direito a propriedades e vida de luxo pela qualificação, apedrejados e presos à chegada depois de um Mundial onde nem sabiam regras.
1982: Kuwait… paremos aqui.
Esta selecção do Kuwait teve no Mundial realizado em Espanha, a única participação em campeonatos do mundo. O futebol não é nenhuma potência natural como o petróleo e o dinheiro, ainda não compra bons jogadores ‘naturais’. Aquela selecção do médio oriente foi uma espécie de festa dentro da festa. Primeiro dia do Kuwait em Espanha apresenta-se com um camelo. Isso mesmo, um camelo. A formação asiática trazia mascote para fazer frente ao ‘Naranjito’. Bilbao achou piada e achou piada ao Kuwait. A equipa era acompanhada pelo Sheik Al Ahmad Al Sabah e a 21 de Junho acontece o impensável. Valladolid recebe o jogo entre o Kuwait e a França. 3-1 ganhavam os gauleses e Alain Giresse faz o 4-1 e o sheik desce ao relvado. Isso mesmo, não só desceu ao relvado como interrompeu a partida e disse que o árbitro tinha de anular a golo alegando que os jogadores ouviram um apito da bancada e ficaram parados, depois de muita insistência e inclusivé ameaças de abandono o árbitro anulou a partida. Com tamanha ira o sheik disse que no final que: “Se acham corruptos os homens da máfia é porque não conhecem quem manda na FIFA”. O Kuwait nunca mais foi a nenhum mundial. Não que o valor técnico assim exigisse, mas nunca mais foram.
E este ano haverá algum Kuwait? Os campeonatos do mundo são máquinas afinadas, mas com países e culturas tão diferentes tudo poderá acontecer. A juntar a isso tudo é no Brasil e com um índice de manifestações tão elevado que nunca se sabe se não passa para dentro do campo.
Se me permitem eu arrisco nos Camarões para ser um factor surpresa pela negativa. Há experiência, é a selecção africana com mais mundiais consecutivos, mas é igualmente a selecção que está presente no mundial mais terceiro-mundista. Egos grandes, jogadores despreocupados com a selecção e com pouco respeito pelo seleccionador e federação. Esteja eu enganado.