Ronaldo
Pedro Arroja
À luz da teoria das probabilidades - que é assim uma espécie de "cartas" que os cientistas utilizam para prever o futuro - a França é favorita. O histórico, em que se baseiam as probabilidades, é imensamente favorável a França.
Por cada bom jogador que se encontra em Portugal, em França - que tem uma população seis vezes maior - encontram-se seis. Um país grande, em competição com um país pequeno, tem sempre esta vantagem - o tamanho. E uma vantagem que a história confirma.
A França já foi duas vezes campeã da Europa (e até do Mundo) e Portugal nunca foi. Nos Campeonatos da Europa, a França já eliminou por duas vezes Portugal - precisamente as duas vezes em que foi campeã -, ao passo que Portugal nunca eliminou a França. na realidade, Portugal não ganha um jogo à França há mais de quarenta anos.
Como se isso não bastasse, nas circunstâncias concretas deste Campeonato, há ainda dois factores adicionais a enviesarem as probabilidades em favor da França. O primeiro é o de que a França joga em casa.
O segundo é o de que o percurso da França neste Euro 2016 é mais impressionante que o de Portugal. Portugal teve sorte nos sorteios. Nos seis jogos já efectuados não defrontou uma única vez uma equipa favorita. Fá-lo pela primeira vez na final. Ao passo que a França teve de defrontar, por exemplo, a Alemanha - talvez a grande favorita do Euro - a qual, por seu turno, já tinha eliminado a Itália, outra favorita.
Existe apenas um factor que joga a favor de Portugal e que encurta a diferença de probabilidades entre a França e Portugal. É que a França, sendo uma excelente equipa, não tem nenhum jogador extraordinário, ao passo que Portugal tem um - Ronaldo.
Só o Ronaldo pode contestar o favoritismo da França e existe uma razão poderosa para que ele o faça. Já ganhou todas as competições na sua carreira, mas nunca uma competição internacional por selecções. Aos 31 anos de idade, esta é a grande oportunidade - e provavelmente a última. Para ele, é um jogo de tudo-ou-nada. Pelo caminho, poderá ainda bater o record de Platini quanto ao maior número de golos marcados em fases finais de um Europeu.
É de esperar, por isso, que ele esteja altamente motivado. Para ele é um jogo de ou-tudo-ou-nada. As chances de Portugal ganhar o Europeu dependem crucialmente dele. Se ele não brilhar, Portugal, em princípio, vai perder.
Mesmo que isso aconteça, porém, a participação portuguesa neste Europeu só pode ser considerada excelente. É raro um país pequeno chegar a uma final de uma competição internacional por selecções - e mais raro ainda ganhá-la. E Portugal conseguiu chegar à final. Parabéns aos jogadores, à equipa técnica, e a todas as outras pessoas que tornaram isso possível.