Missão cumprida
Pedro Arroja
A missão está cumprida. Com a vitória sobre a Polónia aquilo que se poderia razoavelmente esperar da participação portuguesa no Euro 2016 já está atingido - passar a fase de grupos e ganhar uma ou duas eliminatórias.
Tudo aquilo que a selecção consiga a partir daqui - ganhar a meia-final e, mais ainda, a final - é um feito excepcional para o qual a probabilidade a priori era baixa. Com tudo aquilo que já está conseguido, a participação portuguesa no Euro 2016 não será decepcionante, e pode mesmo vir a ser extraordinária.
O sorteio tem ajudado. Portugal não defrontou e, provavelmente não defrontará - excepto se chegar à final - nenhuma das selecções que a priori eram as favoritas, como a Alemanha, a França, a Itália, a Espanha ou a Inglaterra.
As exibições e, mais ainda, os resultados também não foram exuberantes. Portugal é o campeão dos empates. Dos cinco jogos realizados, empatou quatro ao fim do tempo regulamentar, e ganhou apenas um - e este pela margem mínima (Croácia, 1-0).
Mas isto significa também que ninguém consegue ganhar a Portugal. Esteve quatro vezes em desvantagem - três contra a Hungria e uma contra a Polónia - e recuperou sempre, e em períodos de tempo razoavelmente curtos. Das duas vezes em que esteve em vantagem - frente à Islândia e à Croácia -, em uma deixou-se empatar (Islândia).
Não defrontou nenhum favorito Não perde, mas raramente ganha. Esteve mais vezes em desvantagem do que em vantagem. Recupera sempre da desvantagem, e das raras vezes em que esteve em vantagem, numa consentiu o empate. Este é o perfil da participação da equipa portuguesa no Euro 2016.
Não é brilhante, mas é certamente eficaz. E sobretudo uma grande incógnita. O que é que uma equipa com este currículo pode fazer nas meias-finais e, sobretudo, na final, se lá chegar? Tudo pode acontecer.
Portugal tem sido uma surpresa neste Campeonato da Europa. Esperava-se que passasse facilmente a fase de grupos e, afinal, teve de ser repescado entre os terceiros classificados. Depois deste início anémico ninguém estava muito optimista para as eliminatórias, e Portugal já ganhou duas, sem deslumbrar, mas com mérito.
As probabilidades continuam a dar a vitória final na competição à selecção de um dos grandes países da Europa Ocidental. Agora que a Espanha e a Inglaterra estão de fora, ficam a França, a Alemanha e a Itália - e uma destas duas ficará excluída amanhã.
Quem é que vai ganhar no fim? Eu gostava que fosse Portugal, mas as probabilidades pendem agora para a Itália.