Grande Prémio Bial é hoje entregue no Porto a investigador canadiano
Porto Canal
O Grande Prémio BIAL de Medicina/2012, no valor de 200 mil euros, é hoje entregue no Porto, na presença do Presidente da República, a um investigador canadiano cujo trabalho abre novos caminhos no diagnóstico e tratamento das doenças neurodegenerativas.A investigação liderada por Peter St. George-Hyslop estabeleceu a base para um diagnóstico precoce e para estratégias clinicamente viáveis para estas doenças, atualmente incuráveis, como o Alzheimer.
Em declarações à Lusa, o presidente do júri dos Prémios Bial/2012 e diretor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), António Sousa Pereira, disse que "a decisão foi unânime", referindo tratar-se de um investigador com "um trabalho sólido e imenso na área das doenças neurodegenerativas".
"Foi uma surpresa ver alguém com um currículo daquele calibre a concorrer. O seu trabalho representa um abrir de portas à compreensão de doenças que vão ser cada vez mais frequentes com o envelhecimento da população", considerou.
Peter St George-Hyslop explica que "a investigação conduzida nas últimas décadas forneceu estratégias muito promissoras para novas terapias".
"Temos esperança de que se conseguirmos travar o processo de desenvolvimento destas doenças numa fase muito inicial, mesmo antes do aparecimento dos sintomas, será possível controlar e tratar a doença de Alzheimer", sublinha o investigador.
Professor de Neurologia, diretor do Centro para a Investigação de Doenças Neurodegenerativas da Universidade de Toronto e docente de Neurociências Experimentais na Universidade de Cambridge, Peter St. George-Hyslop conta com extenso trabalho de pesquisa em torno da compreensão das causas e dos mecanismos moleculares que conduzem àquele tipo de doenças, tais como Alzheimer, Parkinson e Demência Fronto-Temporal.
Na cerimónia será também entregue o Prémio BIAL de Medicina Clínica 2012, no valor de 100 mil euros, que foi atribuído ao investigador José Cunha-Vaz, presidente da Associação para a Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem, pelo seu trabalho "Retinopatia Diabética: novas perspetivas para um tratamento personalizado".
O trabalho agora distinguido apresenta dados relevantes para o diagnóstico precoce e melhor caracterização das fases iniciais da Retinopatia Diabética, complicação ocular mais grave associada à diabetes mellitus. Esta investigação abre novas portas para a prevenção e terapêutica personalizada dos casos de perda de visão associada à Diabetes.
A edição Prémio BIAL 2012 atribuiu ainda duas Menções Honrosas a dois trabalhos de investigação distintos, da autoria de Manel Esteller, diretor do Programa de Epigenética e Biologia do Cancro do Instituto de Investigações Biomédicas de Bellvitge, em Barcelona, e a Pedro Medina, da Universidade de Granada. Em comum, apresentam o facto de se centrarem nos fatores genéticos associados ao cancro.
Desde a sua criação em 1984, o Prémio BIAL já analisou 580 obras candidatas e mobilizou 1315 investigadores, médicos e cientistas. Em quinze edições, distinguiu 231 autores, 91 obras premiadas, e distribuiu gratuitamente pela classe médica e científica 35 obras premiadas, num total de mais de 300.000 exemplares.
Considerado um dos prémios de investigação científica de maior prestígio a nível mundial na área da Saúde, a edição Prémio BIAL 2012 recebeu 62 candidaturas, 44 provenientes de Portugal e 18 de equipas de investigação internacionais (Espanha, Brasil, Itália, Alemanha, Canadá, Grécia e República Dominicana).
A cerimónia de entrega dos prémios vai realizar-se no ICBAS, no Porto, a partir das 14:30.