Administrador dos estaleiros garante que construção naval continuará em Viana
Porto Canal / Agências
Viana do Castelo, 27 mai (Lusa) - O administrador dos Estaleiros Viana do Castelo (ENVC), Jorge Camões, afirmou hoje que a atividade de construção naval será mantida pelo concurso para a subconcessão dos terrenos, mas não dá garantias sobre manutenção de postos de trabalho.
A posição foi assumida hoje, precisamente na altura em que os 620 trabalhadores da empresa estão a retomar a laboração após quase dois anos de paragem, com a chegada das primeiras 1.500 toneladas de aço para a construção de dois navios asfalteiros para a Venezuela.
"Nós não falamos em postos de trabalho porque depende do subconcessionário. O que digo é que 70% dos nossos trabalhadores atuais são mantidos nestes navios [asfalteiros] durante esta atividade", explicou Jorge Camões, durante a chegada da matéria-prima à empresa, esta manhã.
Perante a insistência dos jornalistas, afirmou que "ninguém pode garantir" a manutenção de postos de trabalho atuais no processo de subconcessão, apesar de até perspetivar a subcontratação de trabalhadores em determinadas especialidades, especificamente para a construção para a Venezuela, que agora se inicia e que vai prolongar-se até final de 2015.
Depois de encerrado o processo de reprivatização dos ENVC, devido à investigação de Bruxelas às ajudas públicas concedidas à empresa, o Governo português anunciou em abril a sua liquidação e, em paralelo, o lançamento de um concurso internacional para a subconcessão dos terrenos e infraestruturas atuais.
Questionado, Jorge Camões garantiu que é intenção do Governo manter a construção naval em Viana do Castelo.
"Não será por exemplo uma fábrica de cimentos ou para fazer tijolos. Vai ser prevista essa atividade [construção naval]", assumiu o presidente do conselho de administração dos ENVC.
"A ideia é que o subconcessionário mantenha e amplifique esta atividade", sublinhou.
Os dois navios asfalteiros encomendados aos ENVC deverão ser entregues à Venezuela em 2015, confirmou a empresa. A entrega está agora prevista, respetivamente, para dentro de 26 e 32 meses.
O contrato foi rubricado em 2010 com a empresa de Petróleos da Venezuela (PDVSA), por 128 milhões de euros, mas a construção nunca chegou a arrancar devido às dificuldades financeiras e de contratação pública sentidas pelos ENVC, tendo sido alvo de sucessivas renegociações.
O aço que hoje chegou à empresa custou 890 mil euros e representa apenas 15% da matéria-prima necessária à construção dos dois navios, de 188 metros e que se destinam a transportar asfalto a cerca de 200 graus centígrados.
Trata-se do primeiro lote do aço necessária para que, até 30 de junho, o contrato com a PDVSA esteja em cumprimento.
"É um momento muito importante para os estaleiros e para a manutenção da atividade de construção e reparação naval em Viana do Castelo", afirmou Jorge Camões.
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