Viana do Castelo, 22 mai (Lusa) - Quatro em cada dez casas ligadas à rede pública de abastecimento de água em Viana do Castelo já não fazem qualquer consumo, cenário que o administrador dos serviços municipalizados disse hoje estar relacionado com a emigração.

Estes números, explicou Vítor Lemos, refletem a previsão mais atualizada de uma quebra de consumo de água de 6% para este ano, que soma a mais 8% em 2012. Traduz-se agora num quadro de 40% de clientes da rede pública tidos como "consumidores zero".

Fruto das dificuldades económicas, apontou ainda, as famílias estão a recorrer a sistemas combinados, como furos e captações próprias, "não controladas", o que já representa 40% dos consumidores que só estão a pagar as taxas fixas de resíduos.

Segundo o levantamento realizado nas últimas semanas por aqueles serviços, acrescem outros 40% de casas que ficaram "vazias", sobretudo devido à emigração das famílias, acrescentou o responsável.

"Os dados do primeiro trimestre deste ano são muito preocupantes. Isto reflete as dificuldades sociais e económicas atuais", sublinhou o presidente do conselho de administração dos Serviços Municipalizados e de Saneamento Básico de Viana do Castelo.

Aqueles serviços garantem o abastecimento a 40.000 clientes do concelho e em 2011 faturaram 13,2 milhões de euros, valor que caiu para 12 milhões de euros no ano passado.

"A nossa previsão atual de faturação para 2013 é de 11 milhões de euros. Temos um relevante abaixamento do consumo", apontou ainda Vítor Lemos.

As dificuldades das famílias estão refletidas igualmente na média de consumo de água, que nos últimos três anos caiu de 10 para seis metros cúbicos por mês. Ou seja o escalão mais baixo e deficitário de todo o sistema.

Os serviços municipalizados são detidos totalmente pela Câmara de Viana do Castelo e em 2012 instituíram um tarifário social de apoio às famílias mais carenciadas. No entanto, a adesão conta ainda com "pouca expressão", com cerca de uma centena de famílias já abrangidas pela medida.

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