G20 debate medidas para combater fuga aos impostos das multinacionais
Porto Canal / Agências
Moscovo, 19 jul (Lusa) -- Os países ricos e emergentes do G20 vão analisar hoje em Moscovo os meios de ação contra as multinacionais, que escapam aos impostos, e foram pressionados por Washington para também debater o emprego.
Os ministros das Finanças e banqueiros centrais das 20 grandes potências vão estar reunidos dois dias na capital russa para preparar a cimeira de chefes de Estado no início de setembro em São Petersburgo.
A Organização para a cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) entregou aos ministros do G20 um "plano de ação para lutar contra a erosão da base tributária e a transferência de lucros", com 15 medidas.
Concretamente, o plano pretende pôr fim aos mecanismos que permitem às multinacionais lucrar com acordos tributários entre países para no fim pagarem impostos mínimos ou mesmo nenhuns.
"Determinadas grandes empresas conseguem taxas de impostos de 3% ou 4%. Estas situações são impossíveis de explicar aos cidadãos e insuportáveis para as empresas", que pagam impostos, considerou o ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici.
Nos últimos meses, a Google, a Amazon ou a Starbucks foram alvo deste tipo de acusações.
O objetivo da reunião dos ministros do G20 é validar o plano da OCDE, aprovado pela Alemanha, Reino Unido, França e a Rússia, pelo conjunto dos países do G20 e posteriormente aplicar estas medidas nos próximos dois anos.
"A aplicação destas medidas num único país ou num grupo de países não vai dar resultado", advertiu o ministro russo Anton Silouanov.
Nas últimas reuniões de abril, os ministros das Finanças do G20 concentraram-se na troca de informações e no segredo bancário.
Em abril tratava-se de "fazer respeitar a lei", mas com este novo plano trata-se de a modificar através de mudanças "das regras que permitem pagar pouco ou nenhuns impostos", explicou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria.
As grandes potências também preveem debater a situação da economia mundial, nomeadamente as políticas orçamentais e países ricos.
Antes do início da reunião, os Estados Unidos, que gostariam de ver os parceiros comerciais com melhor saúde, quiseram centrar o debate no desemprego.
"A prioridade deve ser pôr as pessoas a trabalhar", afirmou o secretário do Tesouro norte-americano, Jacob Lew, num artigo de opinião no Financial Times.
Para tentar melhorar a cooperação contra o desemprego, os ministros do Trabalho do G20 estiveram reunidos hoje e quinta-feira também em Moscovo.
Por outro lado, os países emergentes deverão questionar os Estados Unidos sobre a política monetária e uma eventual redução dos estímulos à economia norte-americana.
As injeções de liquidez nos Estados Unidos provocaram a chegada de enormes fluxos financeiros aos mercados emergentes, que temem a redução ou a cessação completa destes.
"É uma questão chave da reunião", afirmou Anton Silouanov, pedindo uma política monetária "clara e previsível".
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