O cabeça de lista do Livre à Câmara do Porto defendeu uma Boavista "menos centrada no automóvel" face às novas linhas de metro e metrobus, propondo um jardim no lugar do El Corte Inglés previsto para a zona.

"Nós defendemos, acima de tudo, que a decisão sobre este território seja participada e tenha em conta os interesses das pessoas que vivem nesta freguesia e frequentam esta zona, mas acima de tudo que tenham em conta uma visão de cidade um bocadinho mais inclusiva, mais próxima das pessoas e menos centrada no automóvel", disse esta quarta-feira à Lusa Hélder Sousa na Praça Mouzinho de Albuquerque, conhecida por rotunda da Boavista.

Hélder Sousa falava do futuro da zona que vai albergar duas novas linhas de metro atualmente em construção (Rosa e Rubi) e o metrobus, além de um El Corte Inglés estar previsto para os terrenos da antiga estação ferroviária, algo que o partido contesta.

"O que nós precisamos aqui? Mais seis ou sete andares de comércio intenso, multimarcas, que vai trazer centenas e centenas de carros para parques de estacionamento e vamos, além de pessoas, continuar a sobrecarregar a rotunda da Boavista com automóveis e com pessoas que aqui chegam para fazer compras, ou vamos tentar imaginar uma cidade onde o comércio está espalhado pelos sítios que já existem?", questionou.

O candidato lembrou outros centros comerciais que já existem na zona, como o Bom Sucesso, o Península e o Brasília, que "se está a transformar, e bem, num novo centro de comércio local, com pequenos negócios de proximidade: o sapateiro, o senhor das chaves, o senhor do quiosque que vende jornais e tira fotocópias".

"Preferíamos que este espaço, a ser densificado e urbanizado, respondesse, de alguma forma, à carência habitacional que existe. O terreno é das Infraestruturas [de Portugal]. Há aqui uma palavra que o Estado tem a dizer sobre isto", frisou, defendendo "habitação bem construída, com qualidade, a preços acessíveis, em formato cooperativo de preferência", que pode também ser público, permitindo às pessoas "construir o seu projeto de habitação".

Defende ainda um jardim para aquele território, bem como que o edifício da estação ferroviária da Boavista, primeiro vestígio da chegada do comboio ao Porto, se tornasse "num primeiro polo do museu da cidade para quem chega à cidade vindo do norte".

"Esta rotunda da Boavista, que agora é uma rotunda, de facto, com trânsito à volta, tem de passar a ser um jardim ligado à outra face da estrada com menos carros. Com as linhas de metro, com metrobus a funcionar, a necessidade de vir de carro para este sítio vai ser praticamente inexistente. Isso seria uma cidade que o Livre conseguiria apoiar e conviver, onde a necessidade de vir de carro para a rotunda da Boavista fosse excecional e extraordinária", resumiu.

O candidato lembrou ainda que com a entrada em funcionamento do metrobus, os modos de mobilidade suave deixarão de ter um espaço dedicado para circular, defendendo que a Avenida da Boavista "deve ter metrobus, deve ter ciclovia com faixas dedicadas e passeios mais largos e acessíveis para as pessoas".

"Se no meio disto tudo o que estiver a mais for uma faixa de rodagem automóvel, eu acho que devemos abdicar da faixa de rodagem automóvel", apontou.

Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU - coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro - coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto - independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).

O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.

As eleições autárquicas realizam-se no domingo.