ADN quer ser “a areia na engrenagem” da Câmara do Porto
Porto Canal/Agências
O cabeça de lista do ADN à Câmara do Porto, Frederico Duarte Carvalho, disse que quer ser “o jornalista dos portuenses” e pode constituir “uma areia na engrenagem” da Câmara dada a “inevitabilidade” do regresso aos partidos.
“Parece inevitável que o Porto vai regressar a um tempo em que ou mandava um PS ou mandava um PSD e nada vai mudar, vai ser a mesma política de sempre, quer seja com Pedro Duarte [PSD/CDS/IL], quer que seja com Manuel Pizarro [PS]. Mas o ADN [Alternativa Democrática Nacional] pode ser uma areia na engrenagem. Se for necessário fazer uma maioria de um partido ou do outro, independentemente do PS ou PSD, o ADN é um voto útil”, disse o candidato.
Puxando “a brasa à sua sardinha”, como o próprio disse, Frederico Duarte Carvalho recordou a sua formação e experiência laborais para declarar: “Eu posso ser o jornalista dos portuenses, o jornalista do povo. Eu sou jornalista, deteto situações, tenho a independência para as denunciar”.
Com base nos números das sondagens – “ainda que não acredite neles” – Frederico Duarte Carvalho apontou que “os portuenses [podem vir a] ficar outra vez metidos no meio de guerras de um bloco central de interesses”.
“Vamos regressar, ao fim de 12 anos de uma liderança independente, aos partidos, porque o vice-presidente Filipe Araújo [que se candidata como independente], neste momento, não se perspetiva que tenha a força e o carisma de um Rui Moreira [atual presidente da Câmara que atingiu o limite de mandatos]. O voto mais útil, neste momento, é precisamente num partido que não resulta de uma direita radical, nomeadamente liderada por um ex-PSD [referindo-se a Miguel Corte-Real, candidato do Chega]. Também não vejo à esquerda força, nem moral para poder fazer esse papel”, referiu.
O candidato disse que “quer ser a coragem, o carisma e a voz que o Porto precisa, porque senão a cidade vai voltar à discussão do Porto subjugado a Lisboa, ou não”.
Insistindo que a Metro do Porto parece agora ser a TAP do Norte, a polémica à volta das obras do metrobus também marcou esta sexta-feira a mensagem do candidato.
“O Pedro Duarte queixa-se que antes o metro era ‘o Metro PS’. Na realidade agora, com Emídio Gomes, um declarado e público apoiante de Pedro Duarte à frente da administração da Metro do Porto, passamos a ter o ‘Metro PSD’. Acho muito estranho Pedro Duarte dizer que mandou parar as obras e salvar as árvores. Por aquilo que eu percebi, era o ‘Metro PS’ há uma semana e a decisão de parar as obras agrada ao candidato do PS que diz que a saúda”, apontou.
O candidato falava à Lusa à porta do Edifício Transparente, equipamento que foi visitar esta tarde para perceber se deve ou não ser demolido.
“Na Porto 2001 fui daqueles que achou que [o edifício] era uma aberração paisagística, mas neste momento ele já está firmado na paisagem e ao que parece funciona. Portanto, declarar a sua demolição vai nos levantar uma questão e até que ponto é que é transparente essa decisão ou não?”, questionou.
Lembrando que este ‘dossiê’ também diz respeito à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Frederico Duarte Carvalho sugere que antes de qualquer decisão se consulte a população e se diga “com transparência” quanto custa a demolição.
“Espero que esta não seja uma confusão pouco transparente entre negócios e negociatas de um lado ou do outro, porque alguém vai ter que pagar a demolição. O nosso cartaz diz ‘Estaremos atentos’. O processo tem de ser transparente. Aliás, por isso é que eu vim cá hoje, porque gostaria de ter um Porto transparente”, concluiu.
Concorrem à Câmara do Porto nas eleições de 12 de outubro Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU - coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro - coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto - independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
