Obras do metrobus são “uma vergonha”, “atividade criminosa” e “uma oportunidade perdida”

Obras do metrobus são “uma vergonha”, “atividade criminosa” e “uma oportunidade perdida”
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
| Porto
Pedro Benjamim com Lusa

Depois de a 2ª fase das obras do metrobus na Avenida da Boavista ter arrancado, que obrigou ao corte de árvores, pessoas que trabalham e vivem na zona dizem que o projeto é uma “oportunidade perdida” para uma aposta na mobilidade suave. Há quem defina o abate de árvores como “uma vergonha” e “atividade criminosa”.

 
 
 
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No centro da avenida as árvores já foram abatidas e o piso removido, para preparar a instalação da via reservada para o metrobus. As obras da 2ª fase arrancaram a 22 de setembro.

David, que se desloca de bicicleta na Avenida da Boavista, várias vezes por semana, defende que “um ciclista a mais, significa menos um carro à frente”. O estudante de paisagismo aponta que o projeto “é uma oportunidade perdida” para a cidade apostar numa mobilidade mais suave. Apesar de reconhecer que houve mais ciclovias a serem construídas nos últimos anos, critica o planeamento. “Com Rui Moreira fizeram-se algumas [ciclovias], muito mal feitas, mas também vão desaparecendo”, atira.

João, que viajava de trotinete elétrica, conta que faz a viagem todos os dias. “Desloco-me, com chuva ou sol, sempre de trotinete ou bicicleta”.

“Estava à espera que a Câmara do Porto conseguisse fazer uma ciclovia provisória, porque há muita gente que se desloca de bicicleta ou trotinete com os filhos”, desabafa. João destaca ainda que circular na estrada, com duas faixas é mais complicado, até porque costuma haver carros parados na via.

Sobre a utilização provisória da via reservada do metrobus, que já está construída, João considera que “é perfeito”, destacando a grande afluência, porque “agora há uma via onde andamos à vontade e longe dos carros”.

Sónia desloca-se de bicicleta no Porto há mais de 15 anos e circula na Avenida da Boavista com frequência. “Acho uma vergonha. Custa-me passar aqui e verificar que estão a retirar árvores que eram a nossa vida, a sombra no verão. São árvores que estão cá há muitos anos. É lamentável que não tenham encontrado uma solução diferente”, lamenta.

“Considero que isto [abate de árvores] é atividade criminosa contra a população e contra a natureza”, desabafa Ausra. A viver na Foz desde 2018, a lituana costuma andar de bicicleta e caminhar na avenida.

Ausra escolheu o Porto, juntamente com o marido, para viver a reforma, por um lado por receio da ameaça russa, por outro por ter gostado dos portuenses. “Quando eu e o meu marido chegamos à idade da reforma pensamos: não podemos voltar para a Lituânia, porque é muito perigoso. A guerra está lá ao lado e a ameaça russa está sempre presente. Eu vivi sob ocupação russa”. E acrescenta: “Os portuenses são tão simpáticos, mas são simpáticos demais para se manifestarem”.

A segunda fase do metrobus

As obras da segunda fase do metrobus do Porto (Boavista - Anémona) arrancaram no dia 22 de setembro, no segmento até ao liceu Garcia de Orta.

O abate de árvores do primeiro trecho da segunda fase do metrobus é conhecido desde o dia 27 de agosto, quando a Lusa noticiou que entre as avenidas Marechal Gomes da Costa e Antunes Guimarães, o saldo ia passar de 48 árvores - 16 a manter, 30 a abater (27 no canal central e 3 em passeios) e duas a transplantar - para 108 árvores no final: 16 mantidas, 87 novas (56 nos passeios e zonas de atravessamento da Boavista e 6 no passeio da Antunes Guimarães) e cinco transplantadas.

Entre a Antunes Guimarães e a Rua António Aroso, as 31 árvores atuais (todas a abater, 27 no canal central e quatro no passeio) passam a 94 no final da intervenção (92 novas árvores e duas transplantadas nos passeios), e dali à Avenida do Parque, das 21 existentes, seis mantêm-se, cinco são para abater (três no canal central e duas no passeio) e 10 a transplantar, ficando 33 árvores no fim da intervenção (seis mantidas, 26 novas nos passeios e zonas ajardinadas de atravessamento pedonal) e uma transplantada na mesma zona.

Em causa está a solução alternativa proposta pela Câmara do Porto para a segunda fase do metrobus que, no total, poupa o abate direto de 86 árvores, mas pode prejudicar o tempo de viagem anunciado de 17 minutos, segundo os dados da Metro do Porto facultados à Lusa.

Na solução inicialmente desenhada para a segunda fase do metrobus (da zona da Avenida Marechal Gomes da Costa até à Anémona), de um saldo inicial de 267 árvores, estas passavam para 305 no final, mas com a solução alternativa proposta pela Câmara do Porto, o saldo final subirá para 391 árvores.

Segundo a Metro do Porto, o projeto foi revisto após um pedido da Câmara do Porto em 1 de abril e, em 22 de maio, o candidato autárquico do PSD/CDS-PP/IL Pedro Duarte divulgou uma petição que pretendia, precisamente, manter a ciclovia central e evitar o abate de árvores, algo com o qual o atual presidente da Câmara, Rui Moreira, disse concordar.

A Metro do Porto salvaguarda que "apenas se considerou o abate dos exemplares que não apresentam viabilidade para transplante", sendo que a maioria "será de árvores existentes no canal central, cuja sombra, hoje, se projeta sobre as faixas bus e vias rodoviárias" (exceto no troço avenida do Parque–Castelo do Queijo), e "a maioria das novas plantações será realizada ao longo dos passeios", com sombras sobre os peões.

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