Membros da direção do PAN apresentam demissão em desacordo com liderança de Sousa Real

Membros da direção do PAN apresentam demissão em desacordo com liderança de Sousa Real
Foto: Lusa
| Política
Porto Canal/ Agências

Dois membros da comissão política nacional do PAN eleitos pela lista da atual líder, Inês de Sousa Real, demitiram-se desse órgão, acusando a direção de desrespeito pela democracia interna, centralização do poder e silenciamento dos críticos.

Os dois membros em causa são Anabela Castro e Nuno Pires, eleitos para a Comissão Política Nacional do PAN - órgão máximo de direção entre congressos - pela lista A, afeta à líder Inês de Sousa Real, e transmitiram a decisão através de um comunicado enviado no dia 18 de maio, pouco antes do fecho das urnas das eleições legislativas.

No comunicado, a que a Lusa teve acesso, Anabela Castro e Nuno Pires justificam a sua saída com o “desacordo com o rumo atual da gestão interna do partido”, alegando que o PAN deixou de ser “o espaço ético, respeitador coerente e plural que o diferenciava no panorama político nacional”.

“A direção atual (ou parte dela), revela uma visão demasiado autocentrada e autocrática, de quem não se responsabiliza pelos resultados, saídas e descontentamentos que o partido tem sistematicamente sofrido, optando em vez disso por criarem narrativas de traição e de abandono, com ataques a qualquer posição ou crítica divergente do atual ‘status quo’”, lê-se.

Anabela Castro e Nuno Pires acusam a direção de silenciar as divergências e atacar os críticos, lamentando que as reuniões da comissão política sejam um “pró-forma para cumprir calendário, onde a estratégia se centra em jogos de poder, mais do que nas causas”.

“O centralismo das decisões e a crescente marginalização de vozes críticas refletem uma deriva que consideramos grave e que mina a confiança de quem, como nós, acreditou que era possível fazer política de forma diferente. A nossa presença e participação nesta Comissão tornou-se, assim, insustentável”, acrescentam.

A nível interno, os dois membros apontam situações “inaceitáveis” de limitação do debate interno, destacando o curto de espaço de tempo - 12 horas - entre a aprovação do programa eleitoral de 2025 e a sua divulgação pública, “sem qualquer possibilidade real de análise e contributos como sempre se fez até então”.

Anabela Castro e Nuno Pires opõem-se também ao que dizem ser uma “obsessiva promoção e proteção da porta-voz” de Hugo Alexandre Trindade, líder da distrital do PAN no Porto, a quem é apontado um comportamento “intencionalmente incorreto com outros membros do partido, sem que tenha qualquer legitimidade ou posição que o justifique”.

Ao líder da distrital do Porto, são criticadas “observações/proferidas” a um elemento do partido de Santarém e a “mentira e omissão de reposição de verdade num ‘chat’ da distrital do Porto” onde terá denegrido a imagem do deputado municipal de Matosinhos, Albano Lemos Pires.

Os dois membros criticam uma individualização das decisões por parte Inês de Sousa Real e Hugo Alexandre Trindade em “matéria que são da responsabilidade da CPP ou da CPN” como “contratações, definições de eventos ou tomadas de posição coletivas, sobrepondo-se aos órgãos e colocando em causa os princípios basilares do projeto político”.

No mesmo documento, Anabela Castro e Nuno Pires dizem que a direção evita a “auto-análise a auto-consciência crítica”, com a defesa da causa dos partidos a serem feitas “em função da ‘espuma dos dias’, de ilusões ou ‘graçolas de marketing”, de forma infantilizada e que, acrescentam, banaliza “a verdadeira natureza dos problemas”.

Contactada pela Lusa, a direção do PAN confirma a saída dos dois membros da comissão política nacional, a quem agradece o trabalho desenvolvido, e refere que “a renovação de membros é natural e parte integrante da vida democrática do partido. O partido convocou para este sábado uma reunião para abordar os resultados eleitorais e “dar continuidade ao processo de auscultação interna promovido por esta mesma direção”, lê-se na resposta.

Anabela Castro e Nuno Pires, contactados pela Lusa, recusaram prestar quaisquer esclarecimentos.

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