Comerciantes da baixa do Porto avaliam prejuízos devido ao apagão ao retomar atividade

Comerciantes da baixa do Porto avaliam prejuízos devido ao apagão ao retomar atividade
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
| Porto
Porto Canal / Agências

Desde perdas de produtos até dificuldades no reabastecimento, comerciantes da baixa do Porto avaliavam  de manhã os prejuízos causados pelo apagão que afetou Portugal e Espanha na segunda-feira.

No talho que existe na Rua da Conceição, as portas abriram às 07h00, mas os efeitos da falha de energia ainda se faziam sentir cerca de três horas depois.

“O principal problema que envolve um talho é o armazenamento da carne. Eu tive 16 horas ou 17 horas sem frio, tive de ter a câmara fechada, precisamente para não haver perdas de frio e calor. Hoje já tive alguma carne que teve de ir para o lixo”, disse à Lusa o proprietário, Sérgio Silva, acrescentando que estima ter tido um prejuízo de cerca de mil euros.

Uma situação semelhante vivia-se no restaurante Casa Guedes, na Rua das Oliveiras, onde a chefe de sala, Joana Monteiro, afirmou que também houve desperdício alimentar.

“Como [o corte de energia] não chegou a 24 horas, o prejuízo não foi assim tão grande quanto pensávamos. Ainda assim, molhos e batatas foram para o lixo”, lamentou, sublinhando que, na segunda-feira, a venda à porta do restaurante ajudou a minimizar as perdas.

Para Joana Monteiro, o apagão foi “mais impactante” do que a covid-19, pois, na sua opinião, enquanto a pandemia se desenvolveu de forma “gradual”, o apagão aconteceu de forma repentina.

Também Pedro Oliveira, sócio-gerente da Farmácia Lemos, na Praça Carlos Alberto, comparou esta falha de energia à pandemia, considerando que esta última serviu como treino para lidar com imprevistos.

“Na covid houve muitas mais restrições a nível de abastecimento e conseguimos. Houve também muito mais medo de que, dentro de dois ou três meses, não houvesse ‘stock’ para todas as farmácias, e foi-se conseguindo”, recordou.

Quando questionado sobre possíveis perdas, o responsável sublinhou que uma das prioridades da farmácia foi conservar os produtos sensíveis ao frio, como insulinas e vacinas.

“Como tínhamos acumuladores de gelo, colocámos todos os produtos – principalmente insulinas, vacinas e outros mais problemáticos – em contentores de esferovite com os acumuladores de frio. A luz voltou por volta das 20h30 e então voltámos a colocá-los no frigorífico”, contou, acrescentando que os funcionários estavam pelas 10h30 a realizar uma avaliação para confirmar se os produtos não ultrapassaram as 12 horas fora das condições ideais.

E acrescentou: “se houver algum produto que só possa estar entre quatro a cinco horas fora da refrigeração, teremos de o rejeitar ou acionar o seguro”.

Quanto à distribuição de medicamentos, o farmacêutico afirmou que, apesar de não terem sido feitas entregas na segunda-feira e considerando que o volume de negócios foi menor, não houve “grande impacto”.

“Esta manhã as entregas foram retomadas, está tudo normal. Além disso, mantemos sempre ‘stocks’ mínimos, por isso não houve problema”, garantiu.

Com o dia a começar, também na Papelaria do Carmo ainda se avaliavam os possíveis danos que o apagão causou ao negócio.

“Não consegui ainda fechar o dia de ontem [segunda-feira], nem sequer ainda fiz esse apuro, mas o prejuízo foi substancial porque houve uma redução de afluência e uma limitação de venda de serviços”, referiu o sócio-gerente, Ivo Barros.

Já na Rua Sá de Noronha, no hotel Moon & Sun Porto, a subdiretora, Inês Silva, destacou as poucas reservas de água que tiveram na segunda-feira, que “não davam sequer para tomar banho”.

Apesar dos constrangimentos, a responsável frisou que até ao momento ainda não tiveram reclamações ou pedidos de reembolso.

“Mas, ainda estamos em processos de ‘check-out’ hoje, portanto ainda vamos ver o que é que vai acontecer”, contou.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou na segunda-feira, desde as 11h30, Portugal e Espanha, continuando sem ter explicação por parte das autoridades.

Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do “apagão”.

O operador de rede de distribuição de eletricidade E-Redes garantiu esta terça-feira de manhã que o serviço está totalmente reposto e normalizado.

+ notícias: Porto

Mercado de S. Sebastião no Porto será jardim de convívio em outubro

O Mercado S. Sebastião, na zona da Sé, no Porto, vai ser demolido e substituído por um jardim para convívio, uma empreitada da GO Porto que deverá ficar concluída em outubro, anunciou esta quinta-feira a empresa municipal.

Câmara do Porto diz que agressão a voluntárias que apoiavam sem-abrigo foi “situação pontual”

O vereador da coesão social na Câmara do Porto disse que as agressões a voluntárias do Centro de Apoio ao Sem-Abrigo (CASA) foi uma situação “pontual” e que vão ser propostas sessões de “capacitação e qualificação” pelas forças policiais.

Entidades que apoiam sem-abrigo entregaram 280 mil refeições no Porto em 2024

Dezanove associações que apoiam sem-abrigo na cidade do Porto e que integram o NPISA – Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo entregaram, em 2024, 278.916 refeições, mais 54.732 do que em 2023.