Observatório dá "ouvidos e voz" à comunidade impactada pela nova ponte Porto-Gaia
Porto Canal/ Agências
O Observatório do Vale de Massarelos sobre a Ponte Ferreirinha pretende dar "ouvidos e voz" à comunidade impactada pela infraestrutura que unirá Porto e Gaia, com ênfase no Bairro de Massarelos, acompanhando a construção, disse aos jornalistas uma dinamizadora.
"É um projeto que é para durar os anos que demorar a ponte a construir", disse aos jornalistas Leonor Godinho, que participa na dinamização do Observatório, pretendendo sessões mensais "enquanto está a ser feita a construção e, se calhar fazer uma sessão final, quando já tiver terminada a construção", referiu.
A ponte D. Antónia Ferreira, "a Ferreirinha" está a ser construída entre a Arrábida, em Vila Nova de Gaia, e o Campo Alegre, no Porto, e é parte da futura Linha Rubi do Metro do Porto (Santo Ovídio - Casa da Música), e terá utilização pedonal, ciclável e pelo metro.
Também conhecido como o Observatório do Vale de Massarelos sobre a Ponte Ferreirinha, o projeto junta o Museu do Carro Elétrico, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) e Associação de Moradores de Massarelos, mas "está aberta para o exterior".
Mensalmente são organizadas as Conversas debaixo da Ponte, no Museu do Carro Elétrico, abertas a toda a comunidade, tendo esta terça-feira contado com a presença de Miguel Ferraz, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
Leonor Godinho afirma que o objetivo do Observatório é pensar na ponte Ferreirinha mais "de um ponto de vista social" do que arquitetónico ou de engenharia civil.
Questionada acerca da relação da comunidade com o projeto da ponte, Leonor Godinho sente que "nos últimos dois meses as pessoas têm dito que começam a ouvir algum barulho das construções, mas nada muito disruptivo".
Domingos Sousa, morador no Bairro de Massarelos há mais de 40 anos, refere que as obras de "mais uma ponte sobre o rio Douro" causam "um bocado de transtorno".
"Mas temos que aceitar que quando as obras existem é para beneficiar a humanidade", defendeu, recordando que as casas foram fiscalizadas antes do início das obras para o caso de "existir alguma fissura" durante o processo construtivo.
Reconhecendo que "nunca passou pela cabeça dos moradores" ficarem tão impactados pela nova ponte, preferiu realçar a componente da "evolução" trazida pelo projeto.
"Em tudo temos de evoluir, embora algumas pessoas não aceitem a evolução. Mas não podemos ficar parados e sermos retrógrados a um ponto em que não deixamos evoluir as coisas", advogou.
Já Miguel Clemente, que é residente na zona do Campo Alegre, disse à Lusa que está à espera "de poder ir a pé ao centro comercial ali de Gaia [Arrábida Shopping] sem ter que usar o carro".
"Espero que também diminua muito o trânsito na Ponte da Arrábida", completou.
Já sobre impactos na sua zona de residência, referiu que "para já" ainda não teve problema nenhum, considerando a obra "um mal necessário".
"O progresso custa, às vezes", referiu.
