Marco Martins quer lógica complementar e não concorrencial nos transportes da Área Metropolitana do Porto

Porto Canal/Agências
O presidente da Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), Marco Martins, que esta segunda-feira iniciou funções a tempo inteiro, assegurou que pretende incutir uma lógica complementar e não concorrencial entre as empresas de transportes da Área Metropolitana do Porto (AMP).
"O sistema tem de ser capilar e complementar, e nunca concorrencial entre si", disse esta segunda-feira Marco Martins aos jornalistas, a bordo do Metro do Porto, após sair em Campanhã do autocarro 8017 da Unir, no primeiro dia de trabalho a tempo inteiro na TMP.
Para o antigo autarca de Gondomar, "o que tem de haver é bom senso e, acima de tudo, pragmatismo na tomada de decisão", e deu como exemplo da lógica complementar uma reunião que terá esta tarde com o Conselho de Administração da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP).
"A STCP não é concorrente da TMP, nem da TMP na sua versão Unir. São todos complementares. Portanto, o que nós temos de fazer é melhorar o serviço ao cliente, ver a melhor forma de o fazer, mas cada um com as suas especificidades, com a autonomia de cada operador", referiu.
O objetivo da TMP será "criar um sistema em rede, complementar, onde por exemplo no metro tenha ali na espinha das linhas do metro [o mapa dentro dos veículos] a indicação dos autocarros que passam em cada paragem e vice-versa".
"Onde haja informação em tempo real não só da STCP, que é a única que hoje tem essa informação, mas também das linhas da Unir e de todo o tipo de transporte público", assinalou.
Segundo o responsável, "cada cidadão não tem que saber quem é o operador", mas sim "saber que para ir do ponto A ao ponto B qual é a melhor oferta de transporte público naquele momento".
De resto, além de reiterar que a sua primeira prioridade é "que o autocarro passe", Marco Martins traçou os seus objetivos para o mandato de quatro anos que agora inicia.
"Ao fim de quatro anos, temos de colocar a informação ao público a funcionar toda com um único sistema, a tecnologia poder ser usada para validar o cartão, seja o passe mensal ou o ocasional, e temos de pôr um sistema agregado", afirmou.
O responsável pela TMP disse ainda que daqui a quatro anos tem de estar já a ser preparado "o novo concurso para a operação Unir 2.0", já que o atual contrato acaba em 2030, e já incorporando algumas "novidades".
"Julgo que irá haver, em breve, novidades quanto à VCI [Via de Cintura Interna]. Julgo que haverá novidades quanto à circulação na cidade do Porto. É necessário que todos se conjuguem e agreguem para que possamos, de facto, fazer uma cidade, [fazer] da Área Metropolitana do Porto uma grande região onde cada um possa usar o transporte público da forma mais cómoda e mais barata", apontou.
Para já, Marco Martins assume que já teve intervenção para garantir que haverá validadores do Andante na reabertura da Linha de Leixões, cujo serviço de passageiros regressa aos carris no domingo, com paragens em Campanhã, Contumil, São Gemil, Hospital São João, São Mamede de Infesta, Arroteia e Leça do Balio.
Questionado sobre a ausência de interfaces com a Linha de Leixões dos cadernos de encargos do projeto das nova linha de metro de São Mamede, e se é para este tipo de questões que tentará alertar os responsáveis de transportes na região, respondeu afirmativamente, assinalando que o que está em causa "é a sinergia do sistema".
Já sobre se irá todos os dias para o trabalho de transporte público, que usa há vários anos, referiu que o irá fazer "sempre que puder", e perante as críticas habituais a políticos e administradores de empresas que decidem sobre mobilidade mas não usam o transporte público, reconheceu que é uma questão cultural.
"Essa mentalidade tem que ser alterada, não só nos políticos, não só nos administradores, como em toda a população. É como digo: quando a oferta for mais fiável e mais densa, maior é a procura", afirmou.