Trotinetes da Bolt já deram 60 voltas ao mundo no Porto

Trotinetes da Bolt já deram 60 voltas ao mundo no Porto
Pedro Benjamim | Porto Canal
| Porto
João Nogueira

Foi no São João do Porto que a Bolt bateu o recorde de mais viagens feitas em 24 horas. Foram cerca de 17 mil. O número não é isolado e acompanha uma tendência do uso das bicicletas e trotinetes na cidade. Mais para deslocações diárias e rotineiras, do que para lazer. Em entrevista ao Porto Canal, o diretor-geral da Bolt em Portugal, Frederico Venâncio, fez um balanço do serviço no Porto e a importância da micromobilidade numa cidade onde os carros ainda reinam.

 
 
 
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O Porto já atingiu 1,1 milhões de viagens realizadas em trotinetes e bicicletas elétricas da Bolt, desde o início das operações em maio de 2022.

O número, de acordo com Frederico Venâncio, é um reflexo claro do sucesso do serviço e da crescente procura na cidade. Mas também da importância da micromobilidade para cidades regularmente congestionadas pelos automóveis. Mas já lá vamos.

A maioria dos utilizadores da Bolt no Porto tem entre 20 e 37 anos e o tempo médio das viagens feitas no Porto superam a média nacional que assenta entre os 8 ou 9 minutos. Na Invicta rondam os 12 minutos.

O ponto com maior concentração e adesão do serviço é, sem dúvida, o Pólo Universitário da Asprela. Segue-se a Baixa e a Foz do Douro. Os motivos para que estas zonas mereçam destaque fazem todos parte do mesmo saco: muitos dos utilizadores não possuem carro próprio e usam os equipamentos para chegar a locais onde outros transportes públicos não chegam. A poupança de tempo também figura a decisão.

E ao contrário do que se pensa, a utilização das trotinetes e bicicletas não é obrigatoriamente para lazer. No Porto assiste-se ao contrário: “Os dias de maior utilização nem são ao fim de semana. Posso partilhar que segunda-feira é um dia com bastantes viagens e que quinta e sexta-feira é o mesmo”, revelou o diretor-geral da empresa.

As condições meteorológicas podem impactar o serviço, mas não impedem que o Porto “bata recordes” ao nível da micromobilidade e no uso das trotinetes para as deslocações.

“Os mais de 2,4 milhões de quilómetros percorridos até hoje equivalem a cerca de 60 voltas ao mundo, só no Porto”, sublinhou Frederico Venâncio.

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Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal

Redistribuição da frota e a operação no terreno

Em termos operacionais, a Bolt mantém uma frota de 700 veículos no Porto, distribuídos por cerca de 220 pontos de partilha.

Para garantir que as trotinetes e bicicletas estão disponíveis onde são mais necessárias, a empresa realiza constantemente a redistribuição dos veículos. “Temos equipas na rua que trabalham 24 horas por dia, com o apoio de carrinhas e algoritmos inteligentes para garantir que os pontos de partilha estejam sempre abastecidos de veículos”, detalhou o diretor-geral.

A falta de ciclovias e adaptação da frota

As ruas mais curtas e o tráfego intenso do Porto não dão grande espaço para ciclovias ou infraestruturas de apoio para a utilização dos transportes mais leves.

“A cidade tem características específicas que tornam mais difícil a construção de infraestruturas tradicionais de mobilidade”, reconheceu Frederico Venâncio. “Mas isso não significa que não sejam necessárias”, continuou.

A Bolt, revelou o responsável, tem trabalhado em parceria com o município para encontrar soluções. “Estamos a colaborar com o Porto para melhorar a distribuição de pontos de partilha e a segurança dos utilizadores, mas sabemos que mais ciclovias são necessárias para aumentar a utilização e a segurança”, acrescentou o responsável pela empresa.

A solução, muitas vezes, pode passar por alternativas mais simples, como a demarcação de espaços com pinos ou marcas no solo, sem necessidade de grandes obras.

Mas a própria empresa também toma medidas para melhorar a segurança e conforto na utilização. Este ano, por exemplo, a Bolt procedeu a alterações na sua frota, “para um veículo mais robusto, que se adapta melhor à circulação no Porto”, tendo em conta “as especificidades da cidade, como a calçada muito característica”.

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Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal

Equipamentos de segurança e planos para o futuro

O uso do capacete ou a circulação em cima de passeios são temas que se mantêm no centro de polémicas e discussão.

Embora o uso do capacete não seja obrigatório, a Bolt tem feito campanhas para incentivar a sua utilização, a informar os utilizadores sobre a importância da segurança.

“Recomendamos sempre o uso do capacete e criámos um modo iniciante que limita a velocidade dos veículos a 15 km/h para os novos utilizadores. Acreditamos que esta abordagem ajuda as pessoas a sentirem-se mais seguras e confiantes”, explicou Frederico Venâncio.

A Bolt também já serve alguns municípios do Grande Porto, como Vila Nova de Gaia, Matosinhos e Maia.

Além de continuar a expansão geográfica para toda a Área Metropolitana do Porto, a empresa pretende reforçar a infraestrutura de pontos de partilha e colaborar ainda mais estreitamente com o município na melhoria das condições para a micromobilidade. “Nos próximos anos, queremos chegar a todas as zonas da Grande Porto e trabalhar em sinergia com os transportes públicos para criar soluções de mobilidade mais integradas”, afirmou o responsável.

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Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal

O impacto ambiental da micromobilidade

“Se todas as cidades adotassem a micromobilidade, poderíamos reduzir até 30% das emissões de carbono”, alertou Frederico Venâncio ao falar de como o serviço pode contribuir significativamente para a redução das emissões de carbono.

“Em cidades como o Porto, onde mais de 50% dos trajetos são de curta distância, as trotinetes e bicicletas elétricas têm um grande potencial para substituir o carro, reduzindo o congestionamento e a poluição”, concluiu Frederico Venâncio.

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Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal

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