José Pedro Pereira da Costa: “Lutamos em patamares desiguais na Europa”

José Pedro Pereira da Costa: “Lutamos em patamares desiguais na Europa”
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Porto Canal

Acompanhado pelos homólogos de Benfica, Sporting e SC Braga no Thinking Football Summit, José Pedro Pereira da Costa abordou, na manhã deste sábado, as consequências dos custos de contexto para o futebol português, uma parte da “desvantagem estrutural” face aos restantes países da Europa.

O responsável pela área financeira do clube começou por abordar “o impacto” destes encargos que representam “entre 4 a 5% de margem sobre receitas operacionais”, um valor “na ordem dos 7 ou 8 milhões de euros” nas receitas totais que pesa “de forma relevante” na desigualdade sentida no panorama europeu: “Como indústria estamos bem posicionados no ranking, mas isso não corresponde à nossa dimensão em termos de país no mercado europeu. Olhando às receitas 'core', lutamos em patamares desiguais”.

“Estamos a competir com clubes e países com dimensão desigual”, continuou a explicar o administrador da SAD que evidenciou preocupações no que ao “valor muito inferior dos direitos televisivos” e às “receitas de participação na UEFA” diz respeito.

Se o cenário atual é negativo, há que “atuar depressa” para diminuir as disparidades que ajudam a explicar a queda de Portugal “de sexto para sétimo” no ranking e a consequente “perda de uma equipa na Liga dos Campeões”, um prejuízo de “40 milhões de euros” para o futebol nacional.

Na hora de apontar problemas concretos, o membro da Comissão Executiva do FC Porto referiu que a “carga fiscal do IRS é brutal”. “Quando disputamos um jogador com um país com Itália que tem taxa mais baixa e tem vantagem de estatuto de residente não habitual, há uma diferença muito grande”, exemplificou por fim.

José Pedro Pereira da Costa
"O impacto de termos custos de contextos alinhados com a realidade europeia, por contas rápidas, poderia representar entre 4 a 5% de margem sobre receitas operacionais, excluindo receitas com vendas de jogadores. Para receitas totais, na ordem dos 160 milhões de euros nos nossos casos, podíamos reduzir custos na ordem dos 7 ou 8 milhões de euros. Pesa de forma relevante. Como indústria estamos bem posicionados no ranking, mas isso não corresponde à nossa dimensão em termos de país no mercado europeu. Olhando às receitas 'core', lutamos em patamares desiguais. Os direitos televisivos têm valor muito inferior, em termos de receitas de participação na UEFA igual, até porque há um valor que tem que ver com as dimensões dos mercados. Nas receitas lutamos com desvantagem e estamos a competir com clubes e países com dimensão desigual. A isso acresce esses custos de contexto de coisas que parecem pequenas.

Partilho a ideia transmitida pelos meus clubes relativamente à preocupação com o ranking da UEFA. Trata-se de uma fonte de receitas muito importantes para qualquer um de nós. O facto de termos passado de sexto para sétimo e termos perdido mais uma equipa na Liga dos Campeões representa perda para Portugal à volta de 40 M€. Se não atuarmos depressa, pode ser pior. A carga fiscal do IRS é brutal. A UEFA, aliás, nos cálculos para o Fair Play Financeiro usa ajustes e a média mostra que há desvantagem estrutural relevante face a esses países e que é notória na altura de reter talento, de atrair talento... Quando disputamos um jogador com um país com Itália que tem taxa mais baixa e tem vantagem de estatuto de residente não habitual, há uma diferença muito grande.”

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