Assunção Cristas assinou acordo com oito municípios para verticalização no setor da água
Porto Canal / Agências
Lisboa, 05 jul (Lusa) -- A ministra do Ambiente afirmou hoje esperar que o contrato assinado com o Sistema de Águas da Região do Noroeste para a verticalização no setor da água seja o "pontapé de saída" para estender este modelo pelo país.
No final da cerimónia, questionada pelos jornalistas sobre a crise na coligação que sustenta o Governo, Assunção Cristas respondeu apenas que o acordo hoje assinado "dá nota de que [o Governo está empenhado] em trabalhar dentro daquilo que são as prioridades das várias áreas", acrescentando que não faria qualquer outro comentário sobre o assunto.
A ministra assinou hoje, com os municípios de Amarante, Arouca, Baião, Celorico de Basto, Cinfães, Fafe, Santo Tirso e Trofa, a primeira parceria entre o Estado e as autarquias a concretizar um processo de verticalização do setor das águas, que vai reunir, numa única entidade gestora, os serviços em "alta" -- prestados aos municípios -- e os serviços em "baixa" -- prestados aos consumidores/utilizadores finais.
"Acredito que [este acordo] é o início da verticalização em todo o país", disse, no discurso que encerrou a cerimónia, defendendo que esta alteração no setor das águas é "um movimento que é fundamental para trazer organização, ganho de escala, eficiência, e melhor uso de todos os recursos, [incluindo] os financeiros", porque permitirá, quando implantada em todo o país, "poupar cerca de 175 milhões de euros por ano".
Assunção Cristas acrescentou, ainda, que é necessário "reestruturar todo o sistema, para lhe dar solidez e equilíbrio financeiro", e disse esperar que se chegue "a um momento em que a gestão possa ser privada, essencialmente", porque é necessário "dinheiro fresco para os investimentos e porque equilibrar a dívida que, no total do grupo Águas de Portugal, ascende a 3 mil milhões de euros".
O caminho, defendeu, deve ser "em conjunto": na gestão empresarial, na estabilidade tarifária, na solidariedade intermunicipal, na poupança, e no ganho em eficiências.
"Espero que [este acordo] seja o pontapé de saída para outros a breve trecho", afirmou, considerando que, "depois das eleições autárquicas, as portas vão abrir-se com mais facilidade".
A falar pelos oito municípios, o presidente da Câmara de Amarante, Armindo Abreu, (PS), afirmou que as autarquias estão "muito satisfeitas" com este acordo, que representa a união destes municípios para terem "um serviço mais eficiente, mais sustentável e solidário para as populações".
Contudo, lembrou à ministra, nem tudo depende dos municípios neste campo. Por exemplo, disse, "há muito tempo que se está para se decidir se se faz ou não se faz a Barragem do Fridão". Estas decisões que cabem ao Governo, defendeu, "têm que ser tomadas o mais rápido possível".
O contrato de parceria inclui um plano de investimentos de cerca de 150 milhões de euros, a executar pela Águas do Noroeste, que privilegiará, entre outros aspetos, a extensão do serviço, com a construção de novas redes municipais de distribuição de água e de recolha de efluentes.
O projeto abrangerá oito municípios, que ocupam 1,9 % do território nacional e onde vivem cerca de 300 mil habitantes.
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