Classificação do Stop é insuficiente para garantir futuro. Só obras garantem que “fique aberto” afirma Moreira
Porto Canal
O Câmara do Porto discute esta segunda-feira a classificação do Centro Comercial Stop como imóvel como imóvel de interesse municipal, no entanto o presidente da autarquia, Rui Moreira, afirma que a classificação “não resolve o problema fundamental que tem que ver com as obras que têm de se fazer para que fique aberto”, em declarações ao jornal Público.
Moreira afirma que a classificação do Stop “evita o problema da suspeita dos músicos e de várias forças políticas, que andavam a dizer que havia projetos imobiliários para ali. Esse problema à partida fica resolvido”, refere citado pelo jornal.
Na proposta de classificação, a que a Lusa teve acesso, o presidente da Câmara do Porto destaca a necessidade de se avançar com a proteção e valorização do Stop, espaço onde “o desenraizamento, o consumismo e a falta de identidade deram lugar à criatividade, ao único, à identidade feita de retalhos que se vinculam entre si mesmos”.
A classificação é só para a fachada do CC Stop. O jornal Público aponta que a designação que consta do documento terá essa grafia (CC Stop) já que dessa forma funciona para “Centro Comercial Stop” e “dá também para Centro Cultural Stop” afirma Rui Moreira citado pela publicação.
A intenção de classificar o centro comercial Stop como imóvel de interesse municipal será discutida a 6 de novembro pelo executivo municipal, sendo que a aprovação do início do procedimento de classificação implica, ao abrigo da Lei de Bases do Património Cultural, a constituição de uma zona geral de proteção de 50 metros.
Apesar da classificação para a fachada, “o que não fica classificado é aquilo que está no miolo. Porque não posso classificar as lojas que, ainda por cima, estão a cair”, diz Moreira.
O futuro do Stop só estará garantido com a realização de obras ao seu interior, algo que “não é permitido à Câmara municipal fazer obras a não ser naquilo que é seu ou que está por si alugado”, afirma o edil. Assim, a intervenção e manutenção da utilização do edifício “depende da capacidade financeira e da vontade dos proprietários”.
O presidente da autarquia refere ainda que “com as rendas que obtêm dos músicos, dificilmente poderão garantir o investimento dessa natureza.”
O Stop, onde maioritariamente funcionam salas de ensaio e estúdios, viu a maioria das suas frações serem seladas em 18 de julho, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir, mas reabriu a 4 de agosto, com um carro de bombeiros à porta.
O Stop vai continuar a funcionar por tempo indeterminado na sequência de uma providência cautelar interposta pelos proprietários à decisão da câmara de encerrar o edifício, confirmou a 22 de setembro o presidente da Câmara do Porto.