Trabalhadores da EMEF de Guifões pedem ao Governo que não "espartilhe empresa"
Porto Canal / Agências
Porto, 28 jul (Lusa) - Cerca de meia centena de trabalhadores das instalações de Guifões da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) concentraram-se hoje junto à sede da Metro do Porto, nas Antas, para "pedir ao Governo que não espartilhe a empresa".
"Não à privatização da EMEF. Não ao fecho de oficinas. Não à redução de trabalhadores" e "Ferroviários em luta pelo emprego, salários e direitos" - eram os slogans que se liam nas faixas dispostas em frente à Torre das Antas, no Porto, onde fica a sede da Metro.
Os trabalhadores das oficinas da EMEF de Guifões, freguesia do concelho de Matosinhos, local onde é feita a reparação e manutenção das carruagens da Metro do Porto, dizem saber que o Governo quer entregar as instalações à REFER e temem que isso signifique a redução de postos de trabalho.
"Certamente que a intenção é que todo o complexo de Guifões seja inserido no concurso público de concessão dos transportes do Porto. Nesse sentido o serviço que hoje é feito pela EMEF pode deixar de o ser", disse, à Lusa, o responsável da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS), José Manuel Oliveira.
O sindicalista apontou como "incerto" o futuro de cerca de 60 postos de trabalho e criticou a possibilidade de "mais tarde", com a concessão, "se transformar aquilo que é uma indústria portuguesa num serviço feito por estrangeiros".
"Estamos aqui para chamar a atenção do Governo para que olhe para a capacidade da EMEF [instalações de Guifões] que tem demonstrado qualidade ao fazer a manutenção do material circulante do Porto. Queremos que se inverta esta tendência de cada vez mais espartilhar a empresa", acrescentou José Manuel Oliveira.
Para o responsável o que se está a passar em Guifões é a "peça de um puzzle mais amplo que pode levar a que a EMEF seja reduzida através de parcerias com empresas estrangeiras". De acordo com o sindicalista a EMEF, a nível nacional, ou seja espalhadas pelas suas várias oficinas, tem "quase um milhar de postos de trabalho".
Já em representação da Comissão de Trabalhadores, Alexandre Silva, dirigiu-se aos funcionários que estavam concentrados com faixas e bandeiras a exigir a manutenção da EMEF de Guifões e enumerou situações que ocorreram em outras oficinas passando pela Figueira da Foz e por Coimbra onde, disse, "fecharam" e lamentando que "as carruagens que estavam no Poceirão tenham seguido para o Entroncamento, onde não há capacidade, estando a aguardar o envio para Espanha".
"Eles [Governo] não querem qualidade. Querem poupar. Estão a deixar degradar o material circulante. Dentro de uns anos poderá não haver segurança para circular nestes veículos, nem haverá trabalho feito por portugueses e em Portugal", reclamou Alexandre Silva.
Ambos os responsáveis disseram aos jornalistas que estão a aguardar a marcação de uma reunião com o secretário de Estado dos Transportes e que a mesma foi solicitada há cerca de uma semana.
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