Em Gondomar, duas praias fluviais separadas por 500 metros têm águas diferentes: uma é segura e outra é tóxica. Porquê?

Em Gondomar, duas praias fluviais separadas por 500 metros têm águas diferentes: uma é segura e outra é tóxica. Porquê?
| Porto
Porto Canal / Agências

O trânsito de barcos de cruzeiro e a hidrodinâmica do rio Douro são as causas apontadas para explicar porque em duas praias separadas por 500 metros, em Gondomar, uma delas tem qualidade ouro e a outra nem esteja classificada.

Na margem sul do rio, a praia da Lomba, ano após ano, tem sido classificada como Praia Qualidade de Ouro pela Quercus, uma realidade bem diferente da margem norte, em Melres, onde análises “desconformes” da qualidade da água fizeram com que a praia local não apareça este ano na lista nacional das praias fluviais.

Questionado pela Lusa sobre a situação, o presidente da União de Freguesias de Melres e Medas, José Paiva, resumiu-a à interação entre a largada de resíduos sólidos e de águas residuais pelos barcos de cruzeiro que sobem e descem o curso fluvial e a circulação da água do rio, a hidrodinâmica, que empurra os detritos em direção à margem norte, acabando por contaminar as águas dessa praia.

“Basta uma análise desconforme de ‘Escherichia coli’ ou de enterococos intestinais para estragar a classificação para o ano seguinte”, explicou o autarca.

Segundo a Quercus, no “histórico de classificações (anualmente atribuída e verificada por instâncias europeias), desde 2011 que a praia da Lomba tem classificação excelente, não tendo também tido nenhuma ocorrência/aviso de desaconselhamento balnear (pelo menos que tenha sido registado nesta plataforma)”.

Relativamente à praia da Melres, a Quercus assinala que “não se encontra classificada na portaria 115/2023 como água balnear, pelo que nem sequer foi considerada para atribuição do galardão qualidade de ouro” (…) sendo igualmente possível verificar “que em 2021 a classificação atribuída foi Má, em 2017 foi Boa, e nos anos restantes não teve classificação e/ou designação”.

José Paiva apresenta um quadro diferente, argumentando que “durante a pandemia a maior parte das pessoas de Melres também ficaram em casa, houve mais resíduos e águas residuais, e nas análises feitas à água nunca se verificou nenhum resultado desconforme” e que “só em 2022, com a navegação a retomar o seu normal, voltaram as análises com valores positivos de poluição”.

“Reunimos em 2022 com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a praia foi novamente classificada, dado que nos três anos anteriores não houve dados desconformes. Nesse período, devido à pandemia, a navegação de barcos de cruzeiro reduziu muito e todas as análises feitas deram resultados excelentes”, acrescentou.

Com a retoma da atividade no rio Douro dos barcos de cruzeiro e os resultados apurados das análises entretanto feitas à qualidade da água, continuou o autarca, a praia deixou de constar em 2023 na lista nacional.

“Dizem os entendidos que devido à reentrância que existe neste traçado do rio, a água tende a fugir de lá [praia da Lomba], faz meia curva e dirige-se para este lado”.

José Paiva afasta desta equação a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), no lugar de Moreira, naquela freguesia, que “entrou em funcionamento em 2017”, mas que por “estar instalada num meio rural funciona a 40% da sua capacidade máxima”.

Voltando à reunião com a APA, o autarca disse que “ficou evidente qual era a razão [da poluição], mas depois em termos concretos, os lobbies têm muita força”.

“A APA disse-nos já ter alertado para a situação, mas com custos, dizem, tão elevados para fazer estações de recolha próprias, obrigando os barcos a descarregar os resíduos das casas de banho e provar que faziam lá a descarga, não é fácil de resolver”, lamentou o autarca.

A Câmara de Gondomar, revelou José Paiva, faz análises de 15 em 15 dias durante a época balnear na praia de Melres.

 

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