"Estava no supermercado e recebi um telefonema do Sr. Presidente". Conheça o pioneiro dos vinhos que preside a Comissão organizadora do Dia de Portugal

"Estava no supermercado e recebi um telefonema do Sr. Presidente". Conheça o pioneiro dos vinhos que preside a Comissão organizadora do Dia de Portugal
| Norte
Fábio Lopes

Figura de proa na modernização e desenvolvimento da vitivinicultura da região do Douro, João Nicolau de Almeida foi a escolha de Marcelo Rebelo de Sousa para presidir à Comissão Organizadora das Celebrações do 10 de Junho que, este ano, têm o Peso da Régua e a África do Sul como palco.

Em entrevista ao Porto Canal, o duriense, sobejamente conhecido como um dos mais brilhantes e carismáticos enólogos portugueses, traça o atual panorama do setor vinícola, com um olhar sempre presente no futuro, nomeadamente na introdução da ciência e da tecnologia de ponta na produção e comercialização deste recurso nacional tão imprescindível, sem esquecer a necessidade de mais apoios para o setor e o fim das guerras passadas entre produtores e exportadores.

Legado de várias gerações

Prosseguindo o desfiar de várias gerações ao mundo dos vinhos, o tio-trisavô Adriano fundou, em 1880, a Casa Ramos Pinto, à qual João Nicolau de Almeida esteve ligado até se reformar (2017), desenvolvendo um trabalho notável e preponderante para um novo entendimento do Douro. Uma ligação umbilical ao universo vinícola que confere um gosto especial à “grande responsabilidade” de ser o rosto e o mentor das Comemorações do 10 de Junho, nomeação que “foi uma surpresa”.

“Estava num supermercado e recebi um telefonema do Sr. Presidente que eu não estava nada à espera. Nem acreditava no que se estava a passar. E claro que fiquei na dúvida se seria um amigo meu que me estava a gozar ou qualquer coisa assim do género. Mas depois percebi que realmente era verdade e fiquei muito honrado por receber um telefonema do Sr. Presidente. Não é todos os dias que isto acontece”, começou por dizer.

João Nicolau de Almeida frisa que “é um grande orgulho, mas também uma grande responsabilidade”. “Toda a minha vida foi Douro.. Desde pequenino, a minha família é toda de lá, quer do lado meu pai, quer do lado da minha mãe e isto significa muito para mim”, realça.

Oportunidade de ouro para alavancar o Douro

Esta é, assim, uma oportunidade para dar visibilidade à região quer a nível nacional, quer no exterior, salientando que se pretende promover o Douro, Capital Europeia do Vinho em 2023, nas comunidades portuguesas, mas também pelo mundo inteiro.

“É um reconhecimento da região, mas também da viticultura portuguesa, que tem tido, nos últimos anos, um desenvolvimento muito grande. E não nos podemos esquecer que Portugal é dos países da Europa em que na agricultura a maior intensidade é vinha”.

“Uma homenagem” às gentes durienses

O enólogo vinca que esta é, igualmente, uma forma de enaltecer o “trabalho heroico” das gentes desta histórica região. Para cobrir de vinhas as encostas do Douro, o homem teve de suar. Precisou esculpir socalcos, armar patamares, plantar uma imensidão de videiras. Verdadeiro trabalho de Hércules, executado ao longo de séculos por gerações e gerações.

“É um trabalho humano, uma componente humana muito grande. É um sítio único, que quando começo a pensar até fico arrepiado. Para a região é uma homenagem que o Sr. Presidente decidiu fazer aos trabalhadores e à região do Douro. É uma homenagem bonita, porque aqui houve muito trabalho, esforço, crer e sofrimento para construir o que hoje em dia é uma região conhecida mundialmente”, salienta.

A necessidade de mais apoios

Administrador da Ramos Pinto que possui uma das emblemáticas quintas do Douro, a Ervamoira a primeira quinta vinhateira a usufruir do título de Património da Humanidade, João Nicolau de Almeida reconhece, ainda assim, que em termos de projeção política e de desenvolvimento regional, o Douro, concretamente os municípios que o constituem, deveriam ter uma “posição mais concertada em relação ao Ministério da Agricultura”.

“Porque a região tem que ser revista, todo o planeamento tem que ser revisto, mas para isso é precisa alguma ajuda do Ministério para que as coisas se resolvam de uma maneira mais científica, de uma maneira mais concreta e não apenas empurrar”, aponta.

O desenvolvimento dos DOC Douro

Palco de constantes lutas e conflitos institucionais, durante o século XX, entre os chamados exportadores, que estavam em Gaia, e os chamados produtores, que estavam no Douro, a Capital Europeia do Vinho em 2023, fruto da iniciativa conjunta de 19 presidentes de Câmara, tem atravessado um momento de mudança e de pacificação entre as partes.
“Metade da produção vai para vinho do Porto e outra metade vai para os DOC Douro, os vinhos de mesa, e tem sido um desenvolvimento muito grande. Tem sido uma grande ajuda e uma enorme mais valia o desenvolvimento dos DOC Douro para as vinhas”, defende.

O “necessário” casamento com a inovação

Um novo panorama que beneficia sobretudo, os jovens que entraram, “recentemente, na região e têm uma oportunidade incrível de o desenvolver e de se tornarem empreendedores, engarrafarem e de fazerem grandes vinhos e que já são notados nas revistas com altas notas ao nível mundial. Portanto acho que estamos num caminho certo”.

Ainda assim, João Nicolau de Almeida alerta que é necessário que as entidades reguladoras “se apercebam deste esforço que está a ser feito, por parte dos viticultores e produtores e nos ajudem a regular as instituições de uma forma moderna relacionada com a ciência. É preciso evoluir num sentido científico e técnico para que as coisas se tornem viáveis e é isso que nós esperamos do governo”, atira.

O empresário realça que antes “o vinho estava separado da vinha e agora não se pode pensar mais nisso. A nova geração acabou com isso. A minha geração dos anos 70 começou a fazer esta ligação e agora estão cada vez mais ligados uns aos outros. O enólogo é viticultor e o viticultor é enólogo”.

O repovoamento qualitativo da região

Para este processo evolutivo, o trabalho desenvolvido com as universidades tem sido fulcral, contribuindo para um repovoamento qualitativo da região.
“A chegada de engenheiros agrónomos e enólogos e outros que vieram da Universidade de Vila Real e do Instituto Politécnico de Bragança, por exemplo, e que tiveram aqui um papel importante no desenvolvimento da região tem que ser acompanhada de apoios”.

De acordo com o programa oficial, a partir de segunda-feira e até domingo decorre uma exposição de meios e iniciativas das Forças Armadas, na zona ribeirinha da cidade do Peso da Régua, que vão envolver alunos das escolas da região e a população em geral.

O dia 09 começa com o hastear da bandeira nacional, seguindo-se uma animação cultural representativa da Comunidade Intermunicipal do Douro, que agrega 19 municípios durienses, e um concerto, a bordo de um barco atracado ao cais da Régua, pela Orquestra Ligeira do Exército.

No dia 10 de junho a cerimónia militar decorre na Avenida do Douro. 

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