China não renuncia ao uso da força em Taiwan. Formosa celebra acordo com EUA
Porto Canal / Agências
O ministro da Defesa chinês afirmou que Pequim não vai “de maneira alguma” renunciar ao uso da força para alcançar a reunificação com Taiwan, nem tolerar que Taipé procure apoio internacional para conseguir a independência do território.
A posição de Li Shangfu foi transmitida ao ministro da Defesa de Singapura, Ng Eng Hen, revelou o porta-voz do exército chinês, Tan Kefei, em comunicado.
O ministro mencionou especificamente o Partido Democrático Progressista, atualmente no poder em Taiwan e pró-independência, numa altura em que a ilha se está a preparar para realizar eleições presidenciais, em janeiro.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.
“Vamos continuar a lutar pela reunificação pacífica com a maior sinceridade e os maiores esforços”, disse o ministro chinês. “Mas nunca toleraremos qualquer tentativa das autoridades do Partido Democrático Progressista de buscar apoio estrangeiro para tentar alcançar a independência de Taiwan, nem toleraremos qualquer tentativa de forças externas de usar Taiwan para conter a China”, apontou.
“Não prometeremos, absolutamente, renunciar ao uso da força”, realçou.
As declarações refletem o discurso do Presidente chinês, Xi Jinping, no 20.º congresso do Partido Comunista Chinês, que se realizou em outubro passado.
Xi disse então que a China vai continuar a procurar a reunificação pacífica com a “maior sinceridade e os maiores esforços”, mas que “nunca prometerá de maneira alguma renunciar ao uso da força” e “reservar-se-á à opção de tomar todas as medidas necessárias”.
A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, está quase a completar o segundo mandato e não pode concorrer novamente.
Para as próximas eleições, o DPP nomeou o vice-presidente William Lai Ching-te, que apoia a visão de que Taiwan é um Estado soberano e independente e não pertence à República Popular da China.
Li Shangfu lidera uma delegação composta por dezenas de altos oficiais militares e especialistas em Defesa da China, que vão participar no Diálogo de Shangri-La, o maior fórum sobre segurança da Ásia, que arrancou esta sexta-feira.
O ministro, que participa pela primeira vez no fórum, deve falar sobre as novas iniciativas de segurança da China no domingo.
Vários políticos norte-americanos e europeus visitaram Taiwan nos últimos meses, numa demonstração de apoio ao governo eleito do território.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.
Acordos com os EUA
O Governo de Taiwan anunciou esta sexta-feira, apesar das críticas da China, a assinatura de um acordo comercial para impulsionar as trocas com os Estados Unidos, ao simplificar os procedimentos nas alfândegas, investimentos e outras regras.
De acordo com um comunicado, o acordo foi assinado na capital norte-americana, Washington, na quinta-feira, pela representante de Taiwan nos EUA, Hsiao Bi-khim, e por Ingrid Larson, diretora executiva do Instituto Norte-americano em Taiwan, a embaixada ‘de facto’ dos Estados Unidos em Taipei.
O negociador do lado de Taiwan, John Deng Chen-chung, descreveu o acordo como “um passo crucial na negociação e assinatura de acordos comerciais com grandes potências comerciais”, referiu o comunicado.
O Governo de Taiwan disse que a iniciativa irá “seguramente aumentar as oportunidades para participar em acordos comerciais regionais”, incluindo o Acordo Progressivo e Abrangente para a Parceria Transpacífica (CPTPP, na sigla em inglês).
Em setembro de 2021, Taiwan pediu a adesão ao CPTPP, um dos maiores acordos comerciais do mundo. A China, que se tinha candidatado ao acordo no mesmo mês, opôs-se “categoricamente” ao pedido de Taipé.
O comunicado disse que a facilitação do comércio com os Estados Unidos e dos procedimentos nas alfândegas e a introdução de medidas anticorrupção irá “criar mais oportunidades e benefícios substanciais para as pequenas e médias empresas” da ilha.
Os Estados Unidos não têm relações oficiais com Taiwan, mas mantêm extensos laços informais e trocas comerciais avaliadas em milhares de milhões de dólares.
A China criticou na quinta-feira os planos dos Estados Unidos para assinar um tratado comercial com Taiwan e pediu a Washington que interrompa os contactos oficiais com a ilha, que Pequim reivindica como parte do seu território.
“Os Estados Unidos devem interromper qualquer forma de intercâmbio oficial com Taiwan, absterem-se de negociar acordos com Taiwan que tenham caráter soberano ou de natureza oficial e absterem-se de enviar sinais errados às forças separatistas de Taiwan”, disse a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning.
O acordo foi assinado numa altura em que a China exerce crescente pressão para intimidar Taiwan, através do envio de aviões e navios de guerra para perto do território, com frequência quase diária.