PIB a crescer e défice em baixa em 2023. Conheça as previsões económicas do Conselho de Finanças Públicas

Porto Canal / Agências
O Conselho das Finanças Públicas (CFP) manteve a previsão de crescimento da economia portuguesa de 1,2% este ano, assinalando a forte desaceleração face a 2022, e alerta para a elevada incerteza internacional.
No relatório sobre as perspetivas económicas e orçamentais 2023-2027, divulgado esta terça-feora, a instituição presidida por Nazaré da Costa Cabral, aponta, num cenário de políticas invariantes, para uma desaceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 6,7% no ano passado para 1,2% este ano, a mesma previsão do que anteriormente.
Este cenário está em linha com a estimativa do Governo português, que vê o PIB a avançar 1,3%.
O CFP explica que as previsões são feitas num contexto de “elevada incerteza geopolítica”, devido à guerra na Ucrânia, bem como a persistência de pressões inflacionistas, apesar das perspetivas de gradual desvanecimento, e do agravamento das condições de financiamento da economia.
“Para 2024 e 2025 antecipa-se uma recuperação no ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real para 1,8% e 2%, respetivamente. No médio prazo, em políticas invariantes, perspetiva-se que a atividade económica convirja para valores em torno do crescimento do produto potencial (1,7%)”, explica.
CFP revê em baixa défice de 2022 para 0,5% e aponta para 0,6% em 2023
O Conselho das Finanças Públicas reviu ainda em baixa a estimativa do défice em 2022 para 0,5% do PIB, face aos 1,3% avançados em setembro, projetando um ligeiro aumento para 0,6% este ano, abaixo da estimativa do Governo.
No relatório sobre perspetivas económicas e orçamentais entre 2023 e 2027, hoje divulgado, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral revela-se mais otimista sobre o défice de 2022 – que será divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na sexta-feira – do que o Governo, que na proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) estimava um défice de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), mas o primeiro-ministro já afirmou que será inferior a 1,5% do PIB.
Já para 2024, o CFP antecipa uma redução do défice orçamental para 0,1% do PIB, refletindo sobretudo a dissipação do efeito das medidas para responder ao aumento dos preços dos combustíveis e da energia.
Prevê ainda para 2025 e 2027 o regresso à posição de pré-pandemia com um saldo orçamental equilibrado.
O CFP estima também que o peso da dívida pública baixe de 113,8% do PIB em 2022 para 109,2% em 2023 e para 105,3% para 2024, diminuindo 18 pontos percentuais (pp.) ao longo do horizonte projetado, atingindo 95,9% do PIB em 2027.
A instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral avisa, contudo, que esta projeção de evolução da dívida pública enfrenta “riscos associados à incerteza e imprevisibilidade quanto ao comportamento dos mercados financeiros, que permanecem elevadas e recentemente acrescidas com os desenvolvimentos a envolver instituições financeiras de ambos os lados do Atlântico”.