"A nossa zona ficou insustentável". Moradores de Lordelo do Ouro expõem inseguranças associadas ao tráfico de droga

Foto: Miguel Nogueira (CM Porto)
| Porto
Porto Canal / Agências

Moradores das proximidades do bairro da Pasteleira e de Pinheiro Torres, asseguraram esta quinta-feira que com o consumo e tráfico de droga aquela zona do Porto "ficou insustentável" e apelaram à atuação do Governo para travar o fenómeno.

"Há uma impunidade do tráfico. Não se faz nada. Não há vontade nenhuma de acabar com o tráfico", afirmou aos jornalistas Cristina Costa Reis, representante dos moradores que vivem na avenida Marechal Gomes da Costa.

Depois de uma reunião com o presidente da Câmara do Porto, a moradora destacou que os problemas naquela zona se intensificaram com a pandemia da covid-19, refletindo-se no aumento de viaturas assaltadas, nas quais, muitas das vezes, os toxicodependentes "acabam por pernoitar", contou.

"A nossa zona ficou insustentável", afirmou Cristina, acrescentando que os moradores se sentem "abandonados" pelas autoridades, mas também pelo Estado.

À semelhança de Cristina, também Rui Carrapa, da associação Jardim do Fluvial Sem Drogas, destacou que "há mais de quatro anos" se defronta diariamente com o consumo de droga, fenómeno que, afirmou, "se tem degradado" naquela zona localizada nas proximidades dos bairros da Pasteleira e de Pinheiro Torres.

Destacando que a solução para travar aquele fenómeno passa por um reforço da segurança, Rui Carrapa afirmou, no entanto, que a situação "dificilmente se resolverá sem a criminalização do consumo no espaço público".

"O primeiro-ministro certamente não gostaria de sair de casa e à porta ter alguém a injetar-se no pescoço", afirmou, apelando a uma maior atuação do Ministério da Administração Interna (MAI), do Ministério da Saúde e da Segurança Social.

Também Manuel Gericota, da associação de moradores das Condominhas, defendeu ser necessária uma "resposta" do Estado para travar este fenómeno, a qual, disse, "não tem existido".

"O Estado não dá resposta", disse o morador, referindo-se tanto à situação dos moradores, como dos toxicodependentes.

Aos jornalistas, o presidente da Câmara do Porto instou hoje o ministro da Administração Interna a assumir "competências" para resolver o problema do consumo e tráfico de estupefacientes na cidade, e "não esconder debaixo do tapete" esta matéria.

"Por mim é fácil, se o ministro da Administração Interna tiver uma varinha mágica para resolver o problema, ele que resolva porque a competência é dele. A competência é do senhor ministro. Enquanto ele não assumir essa competência, porque não tem sabido assumir, nós faremos o que está ao nosso alcance", afirmou Rui Moreira.

Numa carta enviada a 26 de janeiro à ministra da Defesa, a que a Lusa teve acesso, Rui Moreira pediu ao Ministério da Defesa que se adotem medidas para resolver o "grave problema de segurança" do Quartel de Manutenção Militar e da Casa da Superintendência, espaços frequentados por toxicodependentes.

"A verdade é que se tem vindo a agravar o clima de insegurança que se vive na zona", afirmou Rui Moreira, acrescentando que os edifícios, que estão devolutos, "têm vindo a ser ocupados por toxicodependentes" e, mais recentemente, "de forma premente, na sequência das recentes intervenções policiais de desmantelamento dos acampamentos de droga na zona da Pasteleira".

"Trata-se de um foco de insalubridade, que ameaça a segurança de pessoas e bens, inclusivamente com risco de incêndio", observou.

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