Criminalização da droga. Moreira diz que “chutar para a veia” na rua é “atentado ao pudor”
Henrique Ferreira
Rui Moreira considera que a toxicodependência no Porto “é um atentado ao pudor” e não um exercício do direito da liberdade. Em entrevista exclusiva ao Porto Canal, o presidente da Câmara Municipal do Porto diz “não compreender” que a polícia não possa travar alguém que esteja na via pública a consumir droga.
“Se amanhã à porta da escola das Condominhas estiver alguém a chutar para a veia e parar lá um carro da polícia não pode fazer coisa nenhuma, mas se estiver lá alguém a vender gelados é impedido pela polícia de o fazer”, lamenta Rui Moreira.
De recordar que recentemente a Câmara do Porto levou a cabo uma operação de limpeza num acampamento ilegal junto à escola das Condominhas, no Bairro da Pasteleira. Na altura Moreira garantia que o “Estado falhou” e que é necessário alterar a lei relativa ao consumo de estupefacientes.
Críticas ao governo, à Jornada Mundial da Juventude e à TAP
No programa Diálogo Aberto, conduzido por Tiago Girão, Diretor de Informação do Porto Canal, Rui Moreira culpou ainda Ana Mendes Godinho pelos problemas no processo de descentralização de competências. O presidente da Câmara do Porto diz que a ministra e a sua equipa foram “absolutamente incapazes” de compreender a realidade dos municípios e que os serviços de estado “querem guardar as gorduras para si e atirar os ossos” para as autarquias.
O autarca critica ainda os gastos previstos na Jornada Mundial da Juventude, que acontece este ano em Lisboa. “Parece que Portugal se esgota em Lisboa e que o escrutínio da capital é diferente do resto do país”, lamenta.
Moreira atira ainda à TAP e à decisão de voltar a privatizar a empresa. “Quanto é que nos vão dar pela empresa?”, questiona.
“Eu dou o exemplo da Lufthansa. O estado alemão, para salvar a Lufthansa, entrou com um aumento de capital de 20%. Ou seja, recapitalizou a empresa e esta conseguiu ter recursos para cumprir as suas obrigações. Depois, como houve uma retoma do tráfego aéreo, o estado alemão vendeu esses 20% e ainda ganhou dinheiro. Não nacionalizou. Mas isso são os estados como a Alemanha que são pobres. Portugal é um país rico e por isso decidiu colocar lá dinheiro aos baldes”, ironiza Rui Moreira.