Um casal iraniano foi condenado a mais de 10 anos de prisão por "corrupção e incitação à prostituição, reunião [ilegal] e conluio com a intenção de perturbar a segurança nacional e difundir propaganda". Em causa está um vídeo publicado por Astiyazh Haghighi e Amir Mohammad Ahmadi, de 21 e 22 anos, em que surgem a dançar nas ruas de Teerão. 

O casal acabou detido, no início de novembro. A jovem não usava véu, desafiando assim as rígidas normas de vestuário impostas pela República Islâmica às mulheres. As leis do país não permitem também que mulheres dancem em público, sobretudo na companhia de um homem, mesmo que este seja seu namorado.

Na sequência das imagens divulgadas na redes sociais e que, rapidamente, se tornaram virais, um tribunal em Teerão condenou ambos a 10 anos e seis meses de prisão por considerar que o seu comportamento “encorajava a corrupção e a prostituição em público”.

De acordo com a ordem do tribunal, Amir e Astiaj estão também impedidos de ter acesso à Internet e de sair do Irão até dois anos depois de completarem a pena aplicada. 

POUR AVOIR DANSÉ ensemble sur la place Azadi (Liberté) de Téhéran, Astiaj Haghighi et Amir-Mohammad Ahmadi, couple de blogueurs, viennent d’être condamnés chacun à 10 ans et demi de prison, apprend-on des médias @VOAfarsi et @RadioFarda_.
Crédit : @Tavaana pic.twitter.com/SI9Iwv5thK

— Armin Arefi (@arminarefi) January 29, 2023

Recorde-se que o Irão tem sido palco de uma intensa instabilidade desde a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma mulher curda iraniana de 22 anos, que estava sob custódia policial sob a acusação de ter violado o rigoroso código de vestuário da República Islâmica.

O protesto, que começou como uma rejeição das restrições de vestuário impostas às mulheres após a morte da jovem, evoluiu para um movimento dirigido contra a teocracia que tem governado o Irão desde a revolução islâmica de 1979.

Desde então, milhares de mulheres em todo o Irão e um pouco por todo o globo têm saído para as ruas para pedir mais direitos, sendo que as manifestações têm sido alvo de forte repressão, violência e até execuções por parte das autoridades iranianas.