Gondomarense vai continuar a operar em terminal improvisado no Dragão. Câmara do Porto critica decisão
Porto Canal
Aumenta o tom (e a temperatura) entre a Empresa de Transportes Gondomarense e a Câmara do Porto, e nem a mais recente ronda de negociações parece ter conseguido pôr água na fervura. A transportadora recusa operar as carreiras urbanas a partir do Terminal Intermodal de Campanhã por considerar que não existem condições de conforto para os passageiros. A Câmara do Porto não compreende a decisão. O tema tem dividido Rui Moreira e o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins.
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O Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) foi inaugurado a 20 de junho e imediatamente apresentando como a “revolução” que os transportes no Porto precisavam. Na altura, o edil da cidade falava de um “marco histórico para a reorganização de todo o sistema de transporte público” e de um “pulmão verde” de 13 milhões de euros para a descarbonização do Porto.
Passados cinco meses, subsistem algumas dúvidas sobre as vantagens da infraestrutura nos transportes urbanos. “O TIC reúne condições excelentes para operadoras regionais, nacionais e internacionais, os chamados transportes de longo curso”, explica um dos diretores da Gondomarense (ETG) ao Porto Canal. A questão delicada relaciona-se com viagens mais curtas. “Para as carreiras de pequeno curso, como são as carreiras da ETG, o grande problema prende-se com as distâncias e os tempos perdidos que são necessárias efetuar para utilizarem a intermodalidade”.
Para a Gondomarense, o TIC não serve, por “não ter perfil para carreiras urbanas”. As sete linhas que iriam ser deslocadas para Campanhã ficaram a meio caminho, num terminal improvisado na Via FC Porto, ao lado do Dragão Arena e da estação de metro do Dragão. O espaço é reduzido, com vários veículos pesados estacionados em segunda fila.
Após a inauguração do TIC, as paragens de autocarro chegaram a ser removidas do terminal improvisado no Dragão, mas foram entretanto repostas. Fonte da presidência garante que o TIC é um “sucesso”, que os serviços “melhores” e “mais importantes” estão em Campanhã, e parece indicar que tudo não passa de um conflito ou pressão por parte da Câmara de Gondomar. A Gondomarense diz que o TIC obriga passageiros a percorrerem a pé “grandes distâncias”, numa enorme “perda de tempo para quem quer chegar ao trabalho”. A autarquia diz que é preferível ao “muito e grave congestionamento provocado durante décadas” no centro da cidade.
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Agora, há um impasse. Perante a irredutibilidade da Gondomarense, as câmaras de Gondomar, do Porto e a própria Área Metropolitana reuniram-se para encontrar, depois de uma negociação sem vontade, na Via FC Porto como “interface pontual”. Voltar para o centro não é opção para o executivo, que recusa “espalhar trânsito e poluição”. Ir para o TIC está fora de questão para a Gondomarense, que vê Campanhã como um elefante branco sem valias urbanas.
Esta terça-feira marca-se mais uma fase do TIC, com o encerramento do Terminal do Campo 24 de Agosto e a transferência, espera-se que definitiva, de toda a operação da Transdev/Rede Expresso. A oferta no Terminal Intermodal de Campanhã vai “quase triplicar”, garante a Câmara do Porto.
Atualizado 23-11-2022 09:40 para deixar claro que a citação "espalhar trânsito e poluição" é proferida por fonte da presidência da Câmara do Porto, e não por Rui Moreira.