Três meses depois, novo terminal de Campanhã ainda não convence

Três meses depois, novo terminal de Campanhã ainda não convence
| Porto
Porto Canal

Foi anunciado como uma verdadeira revolução e um “marco histórico” na rede de transportes públicos da cidade do Porto mas, quase três meses depois da inauguração, o Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) soma críticas por parte de operadores rodoviários e passageiros.

A 20 de julho, data da inauguração, Rui Moreira prometia “um terminal aberto a todos os operadores e a todo o tipo de serviços de transporte rodoviário de passageiros”. A ideia era acolher as linhas intermunicipais de São João da Madeira, Gondomar, Paredes e Penafiel. Os outros serviços seriam de médio e longo percurso, com destino para todo o país e para o estrangeiro. Empresas como a FlixBus, Gipsyy, Internorte e Redes Expressos já estão a operar a partir de Campanhã. O problema é agora a rede de transportes urbanos.

A operadora Gondomarense não está ainda a operar a partir de Campanhã. As sete linhas que iriam ser deslocadas iniciam e terminam na Rua Justino Teixeira, em Campanhã, ou na interface do Estádio do Dragão. Contactada pelo Porto Canal, a transportadora esclarece que o terminal de Campanhã “não tem um perfil para carreiras urbanas”, sem dar mais pormenores sobre esta declaração.

Ao Porto Canal, funcionários de outras operadoras mencionam o perigo que o desenho do cais representa para os passageiros, uma vez que não existem separadores entre os lugares de estacionamento.

A empresa municipal gestora do Terminal Intermodal de Campanhã foi contactada pelo Porto Canal, mas a STCP Serviços não quis, para já, responder às questões.

Obras ainda por concluir

As críticas chegam também por parte de passageiros. Quem desembarca em Campanhã, vindo de uma viagem de comboio ou de metro, fala de um “percurso demasiado longo”. Recentemente, foi aberto um túnel, ainda em fase de acabamentos, que liga diretamente o terminal rodoviário e a estação de metro de Campanhã. A obra deveria ter sido concluída a 12 de agosto, mas o prazo de conclusão foi prorrogado até 31 de outubro. No local, são muitos os trabalhos por realizar, sobretudo no que diz respeito à ligação às plataformas de comboio, a cargo da IP - Infraestruturas de Portugal.

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A passagem inferior pedonal do TIC está a cargo da empresa municipal GO Porto - Gestão de Obras do Porto e deverá estar concluída até 31 de outubro, após ter sido inicialmente prevista para 12 de agosto. A obra tem um custo total de 939 mil euros. 

“Falta sinalização”

Outro problema, apontam os passageiros, está na “falta de sinalização.” Muitos desconhecem a ligação ainda inacabada e acabam por optar por um percurso mais longo, desprotegido, pelo exterior, o que representa mais de 10 minutos de caminhada entre a estação de metro e o terminal de autocarros. É o caso de Ana Almeida, utilizadora regular do TIC, que normalmente faz transbordo entre o autocarro e o metro. Sobre o percurso que liga os dois cais diz ser “demasiado distante e sem indicações do trajeto”. A mesma opinião é partilhada por Tiago Moreira, utilizador semanal do terminal, que afirma que “um dos problemas é o tempo de percurso” entre a estação de comboios e o terminal rodoviário.

Contactada pelo Porto Canal, a IP confirma apenas ser a entidade responsável pelo melhoramento da intermodalidade do terminal sem dar garantias relativamente aos prazos da intervenção.

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No cais poente da estação de metro não existe qualquer sinalização relativa ao Terminal Intermodal de Campanhã

Processo com mais de duas década

O Terminal Intermodal de Campanhã foi prometido pelo Governo de Durão Barroso, em 2003, mas só quase 20 anos depois ganhou forma. Foram precisas quase duas décadas, uma vez que a obra é fruto de uma relação antiga e nem sempre harmoniosa entre a Câmara do Porto e o Governo.

Já depois da promessa de Rui Rio, em 2015, o então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho fechou o ‘Acordo do Porto’ com Rui Moreira que, entre outras soluções importantes para a cidade, abriu portas à construção do Terminal. Embora o acordo tenha sido celebrado, a concretização não ficou concluída. A decisão só foi homologada já com António Costa à frente do Governo sendo que o concurso público só foi conhecido em agosto de 2016. Desde então foram precisos mais seis anos para a conclusão da obra.
Na altura da inauguração, Rui Moreira falava numa “dupla ambição” e no cumprimento de uma prioridade. “Seremos firmes na otimização deste recurso, seremos implacáveis na regulação definitiva do transporte interurbano regional e internacional na cidade”, dizia o autarca. Ainda assim, e apesar da reorganização dos interfaces prevista até dia 12 de setembro, o terminal está ainda a funcionar a meio gás.

 

Atualizado às 20:17 de 18-10-2022: Acrescentada informação relativa à passagem inferior pedonal do TIC

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