O presidente da Câmara do Porto abandonou a última reunião da Unidade Técnica de Coordenação dos STCP na sequência da ausência da maioria dos colegas autarcas. Ao Porto Canal, fonte próxima diz que Rui Moreira teme que o município possa vir a ficar sozinho na gestão da empresa.

A reunião estava agendada para esta terça-feira, mas acabou por não se realizar. O motivo: a falta do quórum para arrancar com o encontro, que ia decorrer no edifício da Câmara Municipal do Porto. Rui Moreira ainda terá estado na sala D. Maria II, mas, quando chegou, o cenário não era o que esperava. O independente era o único autarca presente no encontro. Os restantes municípios que já tinham chegado estavam representados por técnicos das respetivas câmaras

Rui Moreira não terá gostado da atitude das outras cinco autarquias que integram a gestão intermunicipal dos STCP e terá abandonado a sala. Luís Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal de Gondomar, acabaria por chegar mais tarde já a reunião tinha sido suspensa por falta de quórum.

À chegada à Câmara Municipal do Porto, Luís Filipe Araújo terá sido informado que a reunião não iria acontecer, por não existirem presenças suficientes para que o encontro se realizasse, em conformidade com o regulamento do organismo. Na reunião em causa deveriam estar presentes os autarcas do Porto, Vila Nova de Gaia, Maia, Matosinhos, Valongo e Gondomar.

Impacto dos custos da energia em cima da mesa

O Porto Canal sabe ainda que Rui Moreira chegou a colocar em cima da mesa o tema do aumento dos custos da energia e o impacto na empresa; proposta que mereceu a oposição dos presentes, por não fazer parte da ordem de trabalhos da reunião. Os STCP têm, nesta altura, dezenas de autocarros movidos a gás natural, um dos combustíveis cujo preço tem vindo a escalar nos últimos meses.

Perante o sucedido, fonte próxima de Rui Moreira lamenta o afastamento dos restantes autarcas da gestão dos STCP. A municipalização da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto é “um dos grandes sucessos da descentralização”, adianta ao Porto Canal fonte da autarquia, e o desinteresse pela sua gestão pode significar “o fim do sistema metropolitano.”

Operadores privados com acesso dificultado ao centro

Mas as críticas têm um reverso. Há, entre os restantes autarcas que compõem a gestão da empresa, quem acuse Rui Moreira de estar empenhado no fecho do centro da cidade aos operadoras locais, exigindo que passageiros que venham de outros territórios tenham de fazer um transbordo, por exemplo, no novo Terminal Intermodal de Campanhã. Uma das situações apontadas é a exclusão de autocarros de empresas como a Gondomarense ou a Espírito Santo dos corredores para transportes públicos criados em artérias da invicta como a Avenida Fernão Magalhães.