Centro José de Guimarães coloca em diálogos “heteróclitos” coleção que lhe dá nome

Centro José de Guimarães coloca em diálogos “heteróclitos” coleção que lhe dá nome
| Norte
Porto Canal / Agências

O Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) vai “esvaziar” as reservas da coleção que lhe dá nome para colocar um total de 1.128 peças em diálogos adjetivados como “heteróclitos” num museu refeito para se repensar.

A exposição “Heteróclitos: 1.128 objetos” é inaugurada no sábado, a par de outras duas (“Things in Motion”, de um conjunto de artistas, e “Atirando Pedras”, de Sara Ramo) e de uma sequência de DJ ‘sets’ e concertos, numa parceria com a Revolve, que vão levar a Guimarães nomes como James Holden, Waclaw Zimpel e Lila Tirando a Violeta, numa jornada que se estende das 17:00 às 02:00 de domingo, com entrada livre.

Em declarações à Lusa, durante uma visita pela exposição ainda em montagem, a diretora artística do CIAJG e curadora, Marta Mestre, lembrou que o acervo do museu – que assinala 10 anos - é “muito particular”, já que se trata de uma “coleção de artista”, referindo-se ao conjunto de 1.128 objetos de artes africanas, pré-colombianas, chinesas adquiridos entre os anos 1980 e 2000 por José de Guimarães e cedidos, em regime de comodato, ao CIAJG.

“Heteróclitos: 1.128 objetos” vai permitir ao público apreciar a multiplicidade de trabalhos da coleção, aqui colocados em diálogo entre si, reunindo peças de arte africana, por exemplo, com obras de José de Guimarães.

A exposição consiste no “encontro de olhares muito díspares”, como sublinhou Marta Mestre, que enfatizou o caráter um pouco “caótico” de alguns elementos da mostra e o facto de pretenderem “desmistificar o processo e sacralização a que os museus estão submetidos”, apresentando obras em malhas metalizadas ou numa estante de arquivo, normalmente só encontradas nos depósitos das instituições, onde as peças de arte estão guardadas.

O público vai, por exemplo, poder entrar pela zona de descargas do Piso -1, podendo assim ver os "bastidores" de um museu.

Ao subir as escadas para o Piso 1 do CIAJG, o visitante depara-se com a série “Alfabeto Africano”, de José de Guimarães, que, em 1974, deu “o mote à estética” do artista, segundo Marta Mestre, e aqui se interliga com outros trabalhos do autor.

Marta Mestre salientou que não há uma sequência cronológica, numa exposição que quer “contrariar a ideia de um cubo branco” e pedir aos públicos que explorem os vários lados daquilo que significa ser um museu.

Também por isso, a exposição “Heteróclitos: 1.128 objetos” inclui uma passagem para a mostra de Sara Ramo, que se destaca por uma parede coberta de vidros estilhaçados, assim como pela afixação de um manifesto para os 10 anos do CIAJG, na última sala da mostra, feito em coletivo pela equipa da instituição.

Como parte da reinvenção do espaço do CIAJG, a chamada “Sala das Máscaras” surge do “avesso”, ou seja, quem nela entrar depara-se com as costas das dezenas de máscaras da coleção, num “gesto temporário [que] coloca em evidência a frente e o verso” e que chama a atenção para a legenda do objeto, em vez da própria máscara em si.

“Diz-se ‘heteróclito’ do que é excêntrico, irregular, fora do comum, ou seja, diz-se ‘heteróclito’ de um acervo construído a partir daquilo que é dissonante entre si, mas que faz do desacordo um espaço de hospitalidade. ‘Heteróclito’ é uma palavra de ordem para imaginar o futuro”, pode ler-se na nota escrita de Marta Mestre sobre a exposição.

A inauguração das três exposições acontece no sábado, a partir das 17:00, com uma visita guiada por Marta Mestre e por André Tavares, que, com Ivo Poças Martins, assinou o lado arquitetónico de “Heteróclitos: 1.128 objetos”.

O CIAJG está aberto de terça-feira a domingo, com entradas a quatro euros (havendo vários descontos aplicáveis) ou gratuitas para menores de 12 anos. Aos domingos de manhã, a entrada é gratuita para todos os públicos.

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