"O bardamerda do Seixas da Costa": do tiro a um camarada do Exército ao escândalo do Tua - as polémicas de um delfim do regime

"O bardamerda do Seixas da Costa": do tiro a um camarada do Exército ao escândalo do Tua - as polémicas de um delfim do regime
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Porto Canal

Francisco Seixas da Costa foi condenado esta segunda-feira por difamar Sérgio Conceição. O antigo embaixador referiu-se ao técnico portista como “javardo”, na rede social Twitter, a 31 de março de 2019. Esta é apenas a última de muitas polémicas que envolveram Seixas da Costa.

Em 2000, o jornal “O Crime” revelava que o então Secretário de Estado dos Assuntos Europeus tinha dado um tiro num jornalista, logo após o 25 de Abril, em 1975. Vinte e cinco anos depois, Simões Ilharco, a vítima "acidental" de Seixas da Costa, na altura camaradas militares, ainda tinha a bala alojada no corpo.

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Em entrevista recente ao jornal i, Ilharco fez o relato do incidente: “Estávamos na tropa, Seixas da Costa encostou-me a arma à barriga e disse assim: ‘E se eu te desse um tiro?’. E disparou. Depois disse que foi sem querer, que não sabia que a arma estava carregada. É a vida. Mas sobrevivi. Até costumo dizer na brincadeira que quem leva um tiro à queima-roupa na barriga e sobrevive fica vacinado para tudo!”

Logo um ano após o episódio do tiro, Seixas da Costa terá tentado proibir um comício do PCTP-MRPP, em Vila Real. Quem o garante é o líder histórico do partido, Arnaldo Matos, num texto publicado em janeiro de 2018, um ano antes da sua morte, e com o tom provocador que o caracterizava: “Seixas, meu bocado de merda, tu próprio tentaste perturbar um comício meu em Vila Real, na tua terra natal, em 1976, e aí fugiste de levar um enxerto de porrada monumental, tu e os teus amiguinhos fascistas e social-fascistas da bela cidade do heróico Carvalho Araújo.”

“Seixas da Costa pensa que eu sou igual a ele, que nunca prestou contas dos dinheiros do Estado que gastou com desplante no Brasil, em Paris e noutras partes por onde passeou a sua farpela de diplomata de pacotilha. E nem sequer se acha no dever de explicar por que razão o Programa Governo Sombra me deve perguntar, a mim, pelos dinheiros do Partido, e já não deve perguntar a mais ninguém pelo dinheiro de outros partidos, designadamente aos dirigente e militantes dos partidos do Seixas da Costa, pelos dinheiros dos muitos partidos por onde já chafurdou o porco do Seixas da Costa”, atirou, na altura, Arnaldo Matos.

Depois de passar por Noruega, Angola e Reino Unido, o agora embaixador aposentado liderou os corpos diplomáticos de Portugal nas Nações Unidas, na OSCE, no Brasil, em França e na UNESCO.

Foi precisamente a sua prestação enquanto embaixador de Portugal na UNESCO que levou Paulo de Morais a proferir as acusações mais graves, até ao momento. Segundo o ativista anti-corrupção, antigo dirigente da Associação Transparência e Integridade e da Frente Cívica, Seixas da Costa terá, enquanto embaixador, intercedido para facilitar o licenciamento da barragem do Tua, em pleno Alto Douro Vinhateiro. A aprovação do organismo internacional de que a obra carecia, por estar localizada em paisagem protegida, era do interesse da EDP, promotora do projeto, e da Mota-Engil, construtora da estrutura. Anos mais tarde, já depois de abandonar a carreira diplomática, Seixas da Costa viria a ocupar o lugar de administrador não executivo nas duas empresas.

Além da EDP e da Mota-Engil, Seixas da Costa tem ou teve assento noutros conselhos de administração ou órgãos de decisão de empresas públicas e privadas, como a RTP e a Jerónimo Martins. João Quadros chamou-o, em tempos, “verme da maçonaria.” É-lhe frequentemente imputada a prática de lobbying, percepção que sai reforçada pelas ligações ao Partido Socialista e pela proximidade aos sucessivos governos. As suas ligações políticas, partidárias e empresariais fazem dele um delfim do regime.

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