Sérvios do Kosovo ameaçam declarar autonomia em caso de falhanço negocial

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Porto Canal / Agências

O líder dos sérvios que habitam no norte do Kosovo advertiu que podem declarar a autonomia de forma unilateral caso permaneçam bloqueadas as negociações mediadas pela União Europeia (UE) sobre a normalização das tensas relações entre Belgrado e Pristina.

"O povo sérvio está disposto por si próprio a formar a Comunidade de Municípios Sérvios (ZSO)", advertiu em entrevista hoje publicada Goran Rakic, líder da "Lista Sérvia", o principal partido desta comunidade do Kosovo, uma ex-província sérvia com maioria albanesa e que autoproclamou a independência em 2008.

Em declarações ao diário de Belgrado Politica, o líder local sérvio recordou que a ZSO é um compromisso assumido pelo Governo do Kosovo, e que não pode continuar a adiá-lo.

Rakic manifestou a convicção de que o Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, vai "lutar como um leão" nas negociações com o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, convocadas para 18 de agosto em Bruxelas por Josep Borrell, o alto representante da UE para a política externa.

Rakic rejeitou os comentários de diversos mediadores que consideram que a autonomia sérvia se deve ajustar à Constituição kosovar e não à vigente na Republika Srpska (RS), a entidade sérvia da Bósnia-Herzegovina, cujos líderes têm admitido a perspetiva de uma secessão.

"Representantes internacionais tentam agora diminuir a importância da ZSO e ignorar os acordos já alcançados. O povo sérvio não o permitirá", assegurou Rakic.

A formação da ZSO está incluída num acordo firmado entre Belgrado e Pristina em 2012 sob os auspícios da UE, mas as diversas lideranças nacionalistas albanesas kosovares têm impedido sucessivamente a sua aplicação.

Borrell convocou a reunião na sequência de um agravamento da tensão no final de julho, quando centenas de sérvios kosovares bloquearam as estradas no norte do Kosovo junto à fronteira em protesto pelas decisões do Governo kosovar sobre a aplicação de medidas para impedir o uso de documentos de identidade e matrículas da Sérvia no território do Kosovo.

Na quinta-feira, o Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, acusou as autoridades kosovares de estarem a preparar as condições para matar cidadãos sérvios no norte do Kosovo.

"Eles estão a preparar-se para liquidar a nossa gente no norte. Digo-o abertamente", assegurou Vucic em conferência de imprensa em Belgrado, citado pela agência noticiosa estatal Tanjug.

"Insisto para que não façam isso, sob o pretexto da luta contra a criminalidade. Não matarão as pessoas", disse Vucic.

Recentemente, o primeiro-ministro kosovar Albin Kurti sugeriu a possibilidade de a Sérvia, "estimulada pela Rússia", iniciar "uma guerra" no Kosovo.

Na próxima quarta-feira, e na véspera do encontro de Bruxelas, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, recebe em separado os líder de Belgrado e Pristina para abordar a atual situação e a função da missão da NATO no Kosovo (Kfor), que mantém cerca de 4.000 militares no terreno.

Desde 2011 que a Sérvia e o Kosovo promovem negociações para a normalização das relações, mediadas pela UE, mas sem resultados palpáveis até ao momento.

Os cerca de 120.000 sérvios ortodoxos do Kosovo -- os números divergem consoante a origem, admitindo-se que possam chegar aos 200.000, com cerca de um terço concentrado no norte do território -- não reconhecem a autoridade de Pristina e permanecem identificados com Belgrado, de quem dependem financeiramente.

Belgrado nunca reconheceu a secessão do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra sangrenta iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os EUA, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência do Kosovo.

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