Iniciativa Liberal repudia apoio da Câmara de Lisboa para homenagem a Vasco Gonçalves

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Porto Canal / Agências

O grupo municipal da Iniciativa Liberal (IL) de Lisboa repudiou hoje a intenção do presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), de continuar a homenagear Vasco Gonçalves, afirmando que o general "não merece uma estatueta que seja" na cidade.

"Uma homenagem por parte do executivo de Carlos Moedas a Vasco Gonçalves é uma homenagem a uma personagem iliberal que tentou coletivizar o país, preferindo uma ditadura de esquerda a uma democracia", afirmou o grupo da IL, que conta com três eleitos na Assembleia Municipal de Lisboa, num comunicado enviado à agência Lusa.

A IL "condena veementemente" a intenção de criar um monumento a Vasco Gonçalves, indicando que o general é "responsável por um dos períodos mais conturbados do pós-25 de Abril" e a sua atuação, enquanto primeiro-ministro, "belisca a democracia ganha no 25 de Abril e reforçada no 25 de Novembro".

Neste sentido, os deputados municipais da IL consideram que "qualquer homenagem é uma afronta às vítimas do PREC [Processo Revolucionário em Curso] e do COPCON [Comando Operacional do Continente], que fazia prisões arbitrárias e mandados de captura em branco", acrescentando que Vasco Gonçalves é também responsável pelo "descalabro da reforma agrária imposta, nacionalizações e aos processos caóticos de descolonizações".

Para o líder da bancada do grupo municipal da IL, Miguel Ferreira da Silva, "continuar a homenagear alguém que quis uma ditadura de esquerda em Portugal seria um erro gravíssimo por parte do executivo camarário".

Miguel Ferreira da Silva refere ainda que "Vasco Gonçalves foi primeiro-ministro durante um ano e Portugal precisou de 10 [anos] para começar a recuperar de todos os erros cometidos", reforçando que os atentados à liberdade, prisões arbitrárias, saneamentos, nacionalização da banca, reforma agrária e as várias ocupações atiraram Portugal para um estado de pobreza e atraso civilizacional.

"Vasco Gonçalves não merece uma estatueta que seja", frisou o deputado municipal da IL.

Também o CDS-PP de Lisboa anunciou hoje que votará contra qualquer "homenagem, monumento ou evocação" ao general Vasco Gonçalves por simbolizar "o pior" na tentativa de "implantação de um regime totalitário" pela extrema-esquerda após o 25 de Abril.

Na quarta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), aceitou o desafio da Associação Conquistas da Revolução de trabalhar em conjunto na proposta de criação de um monumento de homenagem ao general Vasco Gonçalves (1921-2005).

O social-democrata referiu que houve já algumas homenagens feitas pela Câmara de Lisboa ao general Vasco Gonçalves, inclusive a atribuição do seu nome a uma rua junto à Quinta das Conchas, considerando que "é importante para a democracia" continuar a homenageá-lo na cidade.

"É óbvio que, para nós, será sempre uma honra e um gosto continuar a homenagear o senhor general Vasco Gonçalves", reforçou o presidente da Câmara de Lisboa, manifestando a disponibilidade do município de trabalhar com a Associação Conquistas da Revolução: "Vou dar ordem para que isso aconteça e para que se possa começar a trabalhar nesse sentido".

Vasco Gonçalves foi chefe dos Governos Provisórios entre 18 de julho de 1974 e 10 de setembro de 1975 e o seu nome era aclamado nas manifestações e comícios durante o PREC em 'slogans' como "Força, força, companheiro Vasco, nós seremos a muralha de aço", de uma canção interpretada por Maria do Amparo e Carlos Alberto Moniz.

O período em que chefiou o Governo ficou conhecido por "gonçalvismo" e ficou marcado principalmente pelo combate aos monopólios e aos latifúndios.

A nacionalização da banca e dos seguros, a par da aceleração da Reforma Agrária, foram decisões emblemáticas do "gonçalvismo", ainda hoje sinónimo de extremismo de esquerda para as forças de direita.

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