Montenegro acusa Costa de "andar a brincar com a governação" e assegura que PSD "não vai dar descanso"

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 19 jul 2022 (Lusa) -- O presidente do PSD, Luís Montenegro, acusou hoje o primeiro-ministro de "andar a brincar com a governação" e assegurou que os sociais-democratas não vão "dar descanso" ao executivo.

Em entrevista à CNN Portugal, a primeira desde que o Congresso do PSD que o consagrou como líder, Luís Montenegro voltou a acusar o Governo de se querer desresponsabilizar em matérias como os incêndios ou o futuro aeroporto.

"Nós não fomos mandatados para governar, havemos de ser se Deus e os portugueses quiserem no futuro, nós fomos mandatados para escrutinar o Governo e não vamos dar descanso ao Governo", afirmou o novo presidente do PSD.

Luís Montenegro acusou o primeiro-ministro de tentar criar "manobras de distração", como o Conselho de Ministros extraordinário de hoje à noite, que considerou realizado "à pressa".

"Até parece que ia acontecer qualquer coisa de muito relevante e afinal eram duas medidas que podiam ser tomadas na reunião semanal de quinta-feira, só porque amanhã [quarta-feira] há debate do estado da nação e era preciso marcar a agenda", criticou.

Questionado se entende que foi essa a razão desta reunião do Governo, na qual foram anunciados acordos na área da descentralização e da saúde, Montenegro disse não ter dúvidas.

"Havia alguma pressa para ir subscrever o acordo da Associação Nacional de Municípios com o Governo, quando se anda há três anos a tentar alcançar esse acordo mínimo? O senhor primeiro-ministro anda a brincar com a governação", acusou, aludindo novamente às contradições registadas entre António Costa e o ministro das Infraestruturas quanto ao futuro aeroporto.

Sobre a solução aeroportuária para a região de Lisboa, o líder do PSD reiterou que irá transmitir em primeira mão ao Governo a posição dos sociais-democratas, num encontro com o primeiro-ministro que deverá decorrer "em princípio no final da semana".

"Uma coisa é dialogar com o maior partido da oposição, outra é deixar de decidir, quem tem de decidir é o Governo e o primeiro-ministro. Era muito interessante discutir a opinião do PSD, mas temos de discutir a opinião do Governo", insistiu.

Em matéria de incêndios, e questionado se não é fácil culpar o Governo, Montenegro recordou que foi com um executivo do PS liderado pelo mesmo primeiro-ministro que Portugal registou "o maior episódio em termos de perda de vidas humanas em 2017".

"Esta marca está no percurso destes sete anos e devia ter sido um ponto de viragem na prevenção, na política florestal", defendeu.

Questionado sobre a posição do Presidente da República, que considerou que o país estava agora mais preparado do que há cinco anos, Luís Montenegro assumiu discordar de Marcelo Rebelo de Sousa neste ponto.

"Eu não tenho tido notícias do terreno coincidentes com essa opinião. Não quer dizer que não possa haver uma evolução positiva aqui ou acolá", admitiu.

Luís Montenegro voltou a reiterar a sua oposição à realização de um referendo sobre a regionalização neste momento e recusou adiantar a sua posição sobre a matéria em concreto para "não desviar atenções" para uma agenda que disse não ser a sua.

Na entrevista à CNN, e sobre o seu futuro político, o presidente do PSD disse estar "zero assustado" com a perspetiva de ser líder da oposição durante quatro anos.

"Estou muito tranquilo e muito empenhado em dar ao país o que precisa, o país teve eleições em 30 de janeiro, não estamos interessados em ter uma crise política. O país quer que o PSD seja oposição e desenhe uma verdadeira alternativa política", considerou.

Questionado sobre o seu posicionamento quanto ao partido Chega, Montenegro repetiu que os princípios e valores do PSD são "inegociáveis" e que está "focado em tirar o PS do Governo", considerando que nas eleições diretas existiram duas visões distintas neste ponto -- a sua e a do seu adversário interno Jorge Moreira da Silva, que rejeitou e absoluto acordos com este partido - e "os militantes tomaram uma decisão".

"Eu sei que, por vezes, as pessoas querem levar discussão à volta do PSD para temas que interessam ao PS. O maior parceiro político que o PS e o dr. António Costa encontraram foi o Chega e o dr. André Ventura, os dois têm uma coisa em comum: gostam muito de atacar o PSD", defendeu.

SMA // RBF

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